Brasileiros reconhecem na pandemia importância do SUS

Mesmo quem nunca pisou em um hospital público já usou alguma vez o Sistema Único de Saúde (SUS). De fiscalização de alimentos a regras para medicamentos, de doação de leite humano e até a qualidade da água potável que chega às residências dos brasileiros são ações do Sistema. Segundo dados do IBGE, da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019, ou seja, antes da pandemia, constatou que sete em cada dez pessoas que procuram o serviço de saúde pública no Brasil procuram a rede pública, ou o SUS.

Criado a partir da Constituição de 88, o SUS completa 33 anos no próximo dia 19 de setembro, seus princípios foram construídos a partir de um grande debate com a sociedade e com entidades como o Conselho Nacional de Saúde e são baseados na universalidade, equidade e integralidade da Saúde. “Se antes as pessoas usavam, mas nem sabiam que era o SUS, com a pandemia as pessoas perceberam a importância desses conceitos, que realmente fazem a saúde ser um direito de cidadania de todos, que cabe ao Estado assegurar”, afirma o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), médico e ex-ministro da Saúde do governo Dilma Roussef.

Esse reconhecimento foi constatado localmente na maior cidade do país pela pesquisa Data Folha “O Melhor de São Paulo – Serviços 2021”, divulgada em 29 de abril deste ano, em que pela primeira vez os paulistanos elegeram o SUS como o melhor serviço público de São Paulo. Segundo o Instituto, o sistema foi apontado como o melhor serviço da capital por 13% dos entrevistados, à frente do Poupatempo, instituição hexacampeã na pesquisa e que teve 12% de votos.

Padilha alerta, contudo, que o corte de verbas da Saúde continua a ocorrer e criticou o orçamento de 2021, a redução em mais de R$ 2, 3 bilhões (de R$ 25,6 bilhões para 23,3 bilhões) do montante destinado à Saúde, sem contar os valores extraordinários de combate à pandemia. Mesmo com os cortes, ressalta o ex-ministro, 93% dos exames de Covid-19 no país foram feitos pelo SUS. Só 7% foram feitos pelo setor privado, embora ele englobe 22% da população.

“É preciso que esse reconhecimento se reverta em luta e mobilização para manter os serviços, constantemente ameaçados pela perda de recursos e pela tentativa de enfraquecer o sistema. Há interesses poderosos das grandes corporações de saúde em enfraquecer essa grande conquista da população brasileira”, afirma ele, que é autor de um projeto de lei já aprovado pela Comissão de Seguridade Social em seu mérito, para transformar a marca do SUS em Símbolo Nacional (PL 3.644/20).

“Quando se fala da importância da doação de sangue, da qualidade dos nossos bancos de sangue, de aleitamento, não sabemos que se fala do SUS. A imprensa divulga bonitas histórias de vidas salvas pelo SUS, mas não sabemos disso. Acreditamos que só podemos defender aquilo que conhecemos até para que possamos melhorá-lo e fortalecê-lo ainda mais”, defende o deputado, que ressalta que isso não significa que o sistema é perfeito. “Mas da mesma maneira que temos orgulho de usar a bandeira do Brasil, sabendo que muita coisa precisa ser mudada em nosso país, precisamos enaltecer o SUS como patrimônio nacional”. A proposta do parlamentar está com pedido de regime de urgência para apreciação pelo plenário da Câmara Federal.

Fonte: Fenae