A Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo foi fundada em 1958, dentro de um esforço coletivo de sindicalistas bancários de todo o país para a construção de uma entidade nacional. Num congresso realizado dois anos antes, ficou decidido que haveria um empenho em fundar sindicatos e federações, já que a legislação exige no mínimo três federações para fundar uma confederação e cinco sindicatos para fundar uma federação. Todos os sindicatos das bases territoriais dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo – alguns fundados dentro do mesmo esforço – deveriam se reunir numa única entidade, que foi fundada no dia 23 de maio.
De 1958 para cá, muita coisa mudou no Brasil e no sistema financeiro do país. Nos primeiros anos, ventos democráticos indicavam um futuro promissor, mas a ditadura cerceou a liberdade de organização dos trabalhadores.
O movimento sindical sofreu um duro baque e quase sucumbiu, mas renasceu no final dos anos 70 com duas greves memoráveis: a dos metalúrgicos da Scania, no ABC Paulista, e a dos bancários de Porto Alegre, ambas em 1978.
Ao longo dos anos 80 os sindicatos se reorganizaram, os militantes de esquerda retomaram a direção do movimento e a CUT foi fundada, trazendo uma nova perspectiva de organização. Os bancários conquistaram o auxílio-creche e os tíquetes refeição e alimentação.
Mas com os anos 90 vieram o neoliberalismo e a automação no setor bancário, mudando radicalmente o panorama. Novos bancos estrangeiros chegaram, as fusões e aquisições e a privatização de bancos públicos redesenharam o panorama do segmento.
Os bancários, que passavam dos 800 mil, foram reduzidos à metade. No BB e na CEF, as negociações eram duras, não havia diálogo com o governo e perdas salariais imensas se acumularam. Em contrapartida, os bancários conquistaram uma PLR diferenciada em relação à que foi definida pelas medidas provisórias e pela lei 10.101/2000.
Com o governo Lula, algumas coisas mudaram. Os bancos federais voltaram a conceder aumentos e o movimento sindical conquistou a mesa única de negociações, incluindo o BB a CEF. As privatizações no setor acabaram e bancos estaduais foram incorporados pelo BB.
Mas o capitalismo continou feroz e as fusões e aquisições continuaram a todo vapor, fazendo sumirem do mapa bancos com décadas de tradição. Os interditos proibitórios desmobilizam os bancários de base durante a greve e exigem mais empenho e mais conhecimento jurídico dos sindicalistas.
Os bancários conseguiram arrancar aumentos reais, com reajustes acima da inflação, e conquistaram benefícios importantes: PLR adicional, 13ª cesta alimentação e duas bem recentes ─ a inclusão do companheiro homoafetivo como dependente no plano de saúde e a ampliação da licença-maternidade para 180 dias.
Ao longo desta trajetória, a Federação esteve firme na organização do movimento sindical nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Nestes 55 anos muito se conquistou, mas ainda há muito o que conquistar. O futuro pertence a todos nós.
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