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Argentina e Brasil: mais semelhanças do que se imagina

A socióloga argentina Paula Lenguita é a convidada especial do evento “Desafios Atuais dos Trabalhadores Brasileiros e Argentinos”, que acontece na Fetraf-RJ/ES nesta quinta-feira. A pesquisadora produziu vários estudos sobre o movimento operário argentino e um artigo que compara as histórias do movimento sindical argentino com a do brasileiro durante as últimas ditaduras. Em uma conversa na véspera do evento, Paula revela que há mais semelhanças do que se supõe entre a atuação dos movimentos de trabalhadores destes dois países nos períodos de regime militar.

A principal razão para que estas semelhanças não sejam vistas é a falta de documentação. “Há muito em comum entre os movimentos de trabalhadores do Brasil e da Argentina entre os anos de 1964 e 1984, mas muita coisa não foi contada, está fora da historiografia”, destaca Paula. Por exemplo, a ditadura militar argentina de 1976 foi precedida por um período também ditatorial entre 1966 e 1973, em que as entidades de trabalhadores estiveram muito ativas. Já no Brasil, o período entre 71 a 75 também teve greves importantes em algumas fábricas, embora o pouco se sabe sobre estes movimentos tenha sido descoberto e esteja sendo estudado apenas recentemente.

A  ascensão conservadora que levou à eleição de Mauricio Macri na Argentina é da mesma cepa que a observada no Brasil. “O neoliberalismo nos dois países tem muito em comum. E o que é mais assustador é que esta direita que assumiu o governo argentino e que se fortalece no Brasil não é uma direita moderna. Eles são iguais aos civis da ditadura; quando não são os mesmos, são os herdeiros. E eles não interferem só em questões econômicas, mas também em assuntos relacionados a direitos humanos, cultura, direitos sociais”, alerta a pesquisadora.

Além da socióloga Paula Lenguita, participam também do debate o economista do Dieese-RJ Jardel Leal e o sindicalista Mário Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT. O evento, que é promovido pela Fetraf-RJ/ES em parceria com a AMORJ – Associação de Memória Operária do Rio de Janeiro, acontece a partir das 10h desta quinta-feira, 18/02, no auditório da Federação.

 

 

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES