A divulgação dos resultados do grupo Santander, nesta quarta-feira, confirmou que o Brasil é o mercado mais lucrativo em que o banco espanhol atua. O lucro mundial cresceu apenas 4%, mas, na filial brasileira apresentou aumento de quase 10%.
Nas contas feitas de acordo com o padrão contábil espanhol, o lucro da operação do banco no Brasil, em 2016, chegou a 1,786 bilhão de Euros, resultado 9,5% mais alto que em 2015. Este desempenho compensou os baixos resultados apresentados pela operação no Reino Unido, a segunda maior do grupo. O lucro global do banco espanhol chegou a 6,2 bilhões de Euros.
Mesmo com o crescimento do lucro, o banco espanhol continua demitindo trabalhadores no Brasil. somente até o terceiro trimestre do ano passado, 2.495 postos de trabalho foram eliminados em todo o país. “O que chama atenção não é só a questão do lucro em si. Impressiona é a redução acentuada do número de funcionários. O balanço informa que o banco opera com pouco mais de 46 mil bancários. É uma redução muito grande, e não se justifica”, aponta Paulo Garcez, diretor da Fetraf-RJ/ES. O contraste entre a lucratividade e o tratamento dado aos empregados é considerado inaceitável pelos sindicalistas. “O Brasil responde por 21% do resultado global do Santander e os trabalhadores brasileiros, ao invés de serem recompensados pelo lucro que estão gerando, são punidos com a demissão”, critica o dirigente.
Com número reduzido de empregados, o atendimento piora. A forma de evitar as longas filas – e as punições por demora no atendimento – o banco pressiona clientes a utilizarem os serviços digitais e afasta o público de suas unidades. O Santander tem estimulado enfaticamente os correntistas a usarem o aplicativo de celular para suas operações e reduz o limite para saques e pagamentos nos caixas eletrônicos para forçar clientes a cadastrar impressão digital para uso dos equipamentos. Para uma importante parcela dos clientes estas opções de atendimento digital causam transtornos, ao invés de facilitar. Mas o banco espanhol só se importa em reduzir despesas, ainda que isto piore as condições de trabalho e atendimento.
Sem se importar com os funcionários, nem com clientes, o Santander mostra que, mesmo lucrando muito no Brasil, não respeita os brasileiros.
Fonte: Fetraf-RJ/ES