Foto: Jailton Garcia / Contraf-CUT
Terminou neste domingo a 19ª Conferência Nacional dos Bancários, que definiu ações e estratégias para a Campanha Nacional da categoria até 2018
A 19ª Conferência Nacional dos Bancários aprovou o plano de lutas, estratégias e resistência para a Campanha Nacional de 2018. São ações em defesa do emprego e dos direitos, dos bancos públicos, da democracia, do movimento sindical e para as mesas temáticas de Saúde do Trabalhador, Igualdade de Oportunidades, Segurança Bancária e de Acompanhamento da Cláusula de Prevenção de Conflitos. A conferência contou com 603 delegados, 64,5% homens e 35,5% mulheres.
“Tiramos uma estratégia de enfrentamento aos ataques e em defesa dos direitos e dos empregos, outra para as quatro mesas temáticas e também planos de ação e de luta em relação aos ataques que estão sendo aplicados contra o movimento sindical e de lutas gerais, como a defesa da democracia, e dos bancos públicos, que não se trata de uma luta corporativista, em defesa do emprego apenas. A defesa dos bancos públicos é uma ação cidadã. Estamos na defesa do banco público enquanto entidade necessária para a retomada do desenvolvimento sustentável e inclusivo da sociedade toda de maneira geral”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, destacou que as estratégias e ações tiradas na conferência vão ajudar a categoria no combate às mudanças na legislação que prejudicam os trabalhadores. “São rumos de ação para não deixarmos que a terceirização desmantele a categoria e para que não haja trabalho em jornadas exaustivas. Vamos continuar defendendo que, quem trabalha em banco, bancário é”, disse Ivone Silva.
Qualidade dos painéis
O presidente da Contraf-CUT destacou também as contribuições trazidas pelos palestrantes. “Tivemos painéis de muita qualidade que contribuíram com nossas reflexões e a definições de nossas estratégias e ações”, afirmou.
Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT, também destacou a importância das mesas de reflexões. “Elas ajudaram não apenas para a reflexão mas para a formação de dirigentes e de bancários de base que estão presentes. Nos trouxeram indicadores de como podemos enfrentar os ataques aos direitos e como enfrentar as consequências do avanço da tecnologia”, disse a dirigente. “São questões que não cabem apenas à categoria bancária, mas vamos novamente assumir a ponta e colocar esse debate à sociedade toda”, completou a vice-presidenta da Contraf-CUT.
Para Juvandia, o avanço tecnológico tem que ter uma regulação para não colocar a sociedade em risco. “Por exemplo, as fintechs, se não tiverem regulação podem gerar uma bolha e um risco sistêmico, como já aconteceu nos Estados Unidos com a falta de regulação do mercado financeiro”, lembrou.
O presidente da Fetraf-RJ/ES, Nilton Damião Esperança, foi outro que destacou a qualidade das palestras e sua importância para o trabalho dos sindicalistas. “Discutimos o momento político de nosso país debatedores de altíssimo nível como Vivian Rodrigues, Moisés Marques, o senasor Roberto Requião, Clemente Ganz Lucio, Daniella Muradas e Denise Lobato”, comentou o dirigente. “Creio que todos saíram dessa Conferência entendendo melhor os reflexos lesivos a toda classe trabalhadora impostos pelas reformas trabalhista e previdenciária que o governo golpista e ilegítimo quer impor”, acrescentou Nilton.
Unidos, para não sermos vencidos
A Conferência Nacional também mostrou que os bancários têm pontos cruciais em comum nas estratégias de enfrentamento das ameaças aos direitos trabalhistas e sociais. “Os debates refletiram a pluralidade de pensamentos existentes na categoria bancária, o que demonstra o caráter democrático da Contraf , independente de forças ou centrais sindicais. Faço uma reflexão otimista em meio a essa complexa conjuntura: percebi que as centrais e a maioria das forças defenderam uma bandeira que sempre propus – a da unidade”, observou o presidente da Fetraf-RJ/ES.
O bom resultado da conferência, na opinião de Nilton, se deve não só ao empenho da Contraf-CUT, mas também dos sindicalistas de todo o Brasil. “Destaco a participação da nossa Federação, com propostas aprovadas em nossa conferência interestadual e a contribuições dos 13 sindicatos filiados”, ressaltou Nilton.
Para o dirigente, a convenção de dois anos continua se mostrando uma decisão acertada que foi tomada no ano passado. Com a parte econômica já definida pelo documento assinado em 2016, os sindicalistas podem se concentrar no enfrentamento das ameaças impostas pelo governo golpista. “Nossos desafios são muitos, mas tenho certeza que não vamos desanimar. Seguiremos adiante, como sempre fizemos”, adianta o dirigente.
Moções
A 19ª Conferência Nacional dos Bancários aprovou ainda moções contra o governo e suas atitudes golpistas. Uma delas é a moção de repúdio à reforma trabalhista, sancionada pelo presidente Michel Temer, na qual a classe trabalhadora e seus legítimos representantes – sindicatos e centrais sindicais – foram desconsiderados na discussão. Com isso, o processo atende apenas os interesses dos empresários e o desejo de reduzir custos e aumentar os lucros, além de gerar um enorme retrocesso no país.
No Senado, as senadoras Fátima Bezerra, Gleisi Hoffmann, Vanessa Grazziotin, Lídice da Mata e Regina Souza representaram os trabalhadores contra a aprovação do projeto e enfrentaram as manobras conduzidas pelo Senado. Em apoio e solidariedade às essas mulheres de luta outra moção foi apresentada.
Em Repúdio ao Banco Mercantil do Brasil. A moção foi criada para combater as práticas do banco, que já fechou agências em diversas cidades do país e demitiu centenas de funcionários, inclusive dirigentes sindicais. Para os bancários, essa atitude revela o ataque a liberdade e organização sindical.
Os trabalhadores também são contra as tentativas dos governos Sartori e Temer, ambos do PMDB, de privatizar o Banrisul, Badesul e BRDE por conta do Regime de Recuperação Fiscal, apresentado pelo governo golpista como saída para a crise fiscal do estado. A moção é em defesa aos três bancos, que atualmente desempenham papeis fundamentais para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e do Sul do Brasil.
Moção de Repudio ao ataque ao Estado Democrático e de Direito no Brasil defende a punição exemplar de casos de corrupção de todos os envolvidos e que se julgam acima da lei seja presidente, juiz, parlamentar ou empresário. Os bancários repudiam o uso político da operação lava-jato na esteira da consolidação do golpe institucional, com vistas às eleições 2018.
Nesse contexto, a Moção Liberdade para Vaccari Já! repudia a manutenção da prisão preventiva e exige a imediata liberdade a um dos membros do Comando Nacional dos Bancários da CUT, João Vaccari Neto. Vaccari também é um dos fundadores da Contraf-CUT e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Em apoio ao ex-presidente Lula e sua condenação fraudulenta e sem provas, duas moções foram apresentadas, sendo uma delas com ênfase na ação popular para a anulação do impeachment.
Fonte: Fetraf-RJ/ES com Contraf-CUT