Na tarde do ultimo dia 02 aconteceu o lançamento regional da Frente Parlamentar Mista pela Soberania Nacional, na sede do Clube de Engenharia-RJ. Estiveram presentes deputados federais e senadores do campo de esquerda e da oposição ao governo Temer, que falaram para um auditório lotado. Sindicalistas e representantes dos movimentos sociais e populares ouviram a defesa apaixonada dos recursos, riquezas e empresas estatais brasileiras feita por parlamentares que se colocam claramente contra as privatizações.
O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), secretário-geral da Frente, começou citando uma liderança quilombola de Alcantara, com quem conversou em encontro recente: “Um país soberano é um país que cuida de sua gente”, repetiu. O parlamentar criticou duramente as reformas que estão sendo feitas no governo e a Emenda Constitucional 95, que instituiu o congelamento dos gastos públicos por 20 anos. “Esta emenda põe em risco as conquistas sociais e desconstrói o sentido da Constituição Cidadã de 88”, apontou. Ananias também defendeu que a soberania nacional seja defendida, com fortalecimento do sentimento nacionalista, mas sem dar as costas ao mundo. “Não é um nacionalismo xenófobo. Que venham os bons investimentos, as novas tecnologias”, defendeu.
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) fez um chamado à resistência. Destacou a importância da mobilização popular contra a reforma da previdência, que acabou empacada no Congresso em razão da repercussão que a proposta teve junto à população. E foi além. “Diante de um governo que não tem legitimidade e que tenta a todo custo implementar um programa que não teve o crivo das urnas, só nos cabe desobedecer civilmente”, propôs. “E a desobediência civil se materializa em greve geral, em resistência nas praças e nas ruas, e também ocupando a mesa do Senado e da Câmara”, completou Glauber.
A deputada federal Jandira Feghali apontou que a sanha privatista do governo está contra a maré. “O mundo inteiro volta a estatizar sua água, e o brasil quer privatizar. O mundo inteiro quer estatizar o setor elétrico e nós queremos privatizar. O mundo inteiro faz guerra pelo petróleo, e nós queremos entregar o nosso”, apontou. “O que querem é nos transformar de novo em uma colônia. E nós somos uma nação”, completou Jandira. A parlamentar também falou contra os rumores de que os militares estariam se preparando para mais uma tomada do poder. “Não há saída nesse país que não seja pela democracia. Não aceitaremos qualquer solução que não seja pelo voto popular, pelas eleições, que devem ser antecipadas. Nacionalismo só combina com democracia, com soberania popular”, defendeu a deputada.
O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) levantou a questão do desenvolvimento científico e sua importância para a soberania nacional. Lembrou que a verba para a pesquisa da Zika foi cortada e que toda a tecnologia desenvolvida pela Petrobras pode ser entregue de mão beijada para o capital privado internacional caso o governo consiga vender a empresa.
O senador Lindbergh Farias mencionou a importância de Getúlio Vargas para a construção dos instrumentos de soberania nacional que são as empresas estatais. Lembrou a criação da Petrobras, da CSN, a proposta de criar a Eletrobras. O parlamentar lembrou até a carta-testamento de Vargas: “Quis criar a liberdade nacional na potencialização das novas riquezas, através da criação da Petrobras”, citou. “Foi necessária a ousadia dos brasileiros e do governo do país”, lembrou Lindbergh. O senador também alertou que a Petrobras já está sendo vendida em partes, aos poucos, sempre por preços muito abaixo de seu valor.
O presidente da Frente Mista, senador Roberto Requião (PMDB-RS), foi o ultimo a falar. Ele fez uma recapitulação de várias soluções adotadas por países ricos – Alemanha, Japão e EUA – em tempos de crise que seguiram em direção contraria à que vem sendo adotada pelo governo Temer. O parlamentar gaúcho também destacou que o maior interessado em todas as mudanças impostas pelo governo golpista é o sistema financeiro, que ele chama de capital vadio, que não produz nada e se opõe ao Estado Social. “Estou cansado do Fora Temer. Temos que dizer Fora Bradesco, fora Itaú, fora Santander, fora bancos privados”, defendeu.
A frente mista já havia sido lançada em junho em Brasília e vêm acontecendo lançamentos regionais em vários estados. O presidente regional é o deputado Celso Pansera.
Fizeram também parte da mesa os deputados Wadih Damous (PT-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o chanceler e ex-ministro Celso Amorim, além do presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino.