O Santander oferece no Brasil a metade do volume de crédito ofertado na Espanha e ganha o dobro. A filial brasileira foi uma das principais responsáveis por manter o bom desempenho global do banco durante a crise pós-2008, que atingiu em cheio o país-sede. Outro banco espanhol, o BBVA, também tem na América Latina – no México – sua operação mais lucrativa, oferecendo um terço do crédito e lucrando 60%.
Em matéria publicada no jornal El País, economistas espanhóis analisam a situação, explicando o que, no Brasil, já é sabido: estes bancos se instalam através de aquisições e fusões e permanecem durante muitos anos, abocanhando grandes fatias do mercado. Enquanto, no Brasil, o Santander está entre os cinco maiores, sendo o terceiro maior banco privado, o BBVA é o número um do México. Nos países onde sua participação era pequena, estes bancos preferiram encerrar atividades.
A principal razão desta alta lucratividade também é velha conhecida: as altas taxas de juros praticadas do lado de cá do Atlântico explicam a lucratividade. A inflação no Brasil está em 2,5%, com Selic a 8,25% – e a matéria do El País sequer toca na questão do spread bancário, amplamente praticado por todos os bancos em operação no país.
O tipo de crédito ofertado também difere, com preferência pelos empréstimos pessoais e para empresas, nas operações latino-americanas, e concentração em operações hipotecárias na Espanha. O risco das operações de varejo é alto, porém calculado, e tem se mostrado um bom negócio, já que os juros cobrados são diretamente proporcionais à incerteza de recebimento. Estes bancos também se esforçam para crescer em escala, com ampla carteira de varejo, para compensar os riscos de operar em países com moedas voláteis e instabilidade econômica.
Fusão e demissão
O Santander está em processo de fusão com o banco espanhol Popular e já anunciou que vai demitir 1.580 trabalhadores e realocar outros 585 em outras empresas do grupo. Os sindicatos locais consideram alto o número de demissões e as negociações ainda estão em andamento.
Mas o Santander já anunciou que pretende iniciar o processo no próximo dia 16. A intenção do banco é fazer a aposentadoria antecipada de funcionários que têm 58 anos de idade, ou mais, e estão em período de pré-aposentadoria. O banco oferece uma indenização especial para estes empregados.
O banco Popular tem menos da metade do número de funcionários do Santander na Espanha e as dispensas vão reduzir o número total de empregados em um terço.
Fonte: Fetraf-RJ/ES, com informações do El País (Espanha)