Saldo de empregos no setor bancário ficou negativo em 1.741 vagas; rotatividade achata salários da categoria
As instituições bancárias demitiram 24.025 trabalhadores nos nove primeiros meses de 2018, segundo análise elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No mesmo período os bancos contrataram 22.284 pessoas, restando um saldo de 1.741 postos de emprego bancário a menos em todo o país. Os estados que mais perderam vagas foram Rio de Janeiro (-744), Paraná (-302) e Distrito Federal (-207). Contatou-se, no entanto, uma reversão do quadro de redução de postos de trabalho nos últimos três meses analisados (julho a setembro), quando houve mais contratações do que demissões.
Mas, para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, a reversão do quadro de saldo negativos de postos de trabalho no setor deve ser vista com ressalvas.
“É boa a notícia de que o setor bancário está mais contratando do que demitindo. Mas, quando analisamos as informações detalhadamente, percebemos que os novos contratados têm remuneração muito inferior à que era paga aos trabalhadores que perderam seus empregos. Isso está levando ao achatamento salarial da categoria”, observou Juvandia.
A diferença salarial entre as pessoas demitidas e as contratadas chega a 88,1% nos bancos múltiplos sem carteira comercial. Nos bancos comerciais com carteira comercial, onde estão incluídos o Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander, os novos contratados recebem 65,1% a menos do que os demitidos. Na Caixa Econômica Federal a diferença é de 45,5%.
Faixa Etária
A presidenta da Contraf-CUT também chamou a atenção para o fato de que as demissões ocorrem entre os trabalhadores com idade elevada e as contratações se concentram entre os mais jovens. “É importante a abertura de vagas para as pessoas mais jovens, mas é triste saber que as mais velhas nem sempre conseguirão se recolocar no mercado de trabalho devido à idade. Os clientes também perdem, uma vez que as pessoas com mais conhecimento e experiência no setor financeiro estão sendo desligadas pelo simples fato de os bancos quererem aumentar ainda mais os seus lucros. Esta é a realidade de um país que não valoriza o conhecimento e a experiência dos mais velhos”, lamentou a presidenta da Contraf-CUT.
Segundo os dados, os bancos concentram suas contratações nas faixas etárias até 29 anos (67,8%), em especial entre 18 e 24 anos (40,8%). No período foram criadas 8.526 vagas para trabalhadores até 29 anos. Para aqueles que têm mais de 30 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo (são 10.267 postos a menos para pessoas acima de 30 anos). Merece destaque a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 4.920 postos.
Leia a íntegra da Pesquisa do Emprego Bancário (PEB) elaborada pelo Dieese.
Fonte: Contraf-CUT