Países emergentes reunidos no Brasil crescem como novo bloco econômico mundial, os “BRICS”
Por Almir Aguiar*
Um fato muito bom para o planeta acaba de acontecer no Brasil em meio ao caos que assola a economia da maioria dos países, com imensas legiões de desempregados, depressão e injustiças. Este fato bom tem 5 letrinhas: B, R, I, C, S: formando a sigla BRICS, que significa o companheirismo e a cooperação econômica entre cinco nações em desenvolvimento, que chamam a atenção do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (esta, representada pela letra S, de South África). O mundo vê, hoje, que estes países representam 21 % do PIB mundial e a China, considerada país em desenvolvimento, assume cada vez mais seu papel de grande potência emergente, seja por sua população de 1,5 bilhão de habitantes, seja por sua economia que assusta o mundo capitalista com índices de crescimento que, mesmo considerados abalados pela crise mundial, são extremamente positivos.
Estes cinco países não propõem, pelo menos por enquanto, uma nova ordem mundial. Eu disse por enquanto. Mas eles, que só vinham tendo vida própria ma mídia quando se reuniam para discutir suas questões econômicas, acabam de criar um banco internacional e um fundo de reserva para financiamentos entre si, com um capital de 50 bilhões de dólares, superior em 10 bi ao Banco Mundial, manipulado e dirigido pelas potências capitalistas da atualidade, ou seja, Estados Unidos e companhia. A sede do Banco BRICS ficará em Xangai, na China, e a presidência (rotativa) caberá desta vez à India. O Brasil ficará com a Presidência do Conselho.
Para reforçar este fato novo, a informação que se consolida a cada dia: os Estados Unidos não são mais o maior parceiro comercial do Brasil. Quem aos pouquinhos foi crescendo, ganhando espaço e hoje responde pelo maior volume de negócios conosco é a República Popular da China. A China também é, hoje, um grande investidor no Brasil, e nós já temos, também, algumas empresas brasileiras atuando por lá, onde pretendem crescer comercialmente. O que o Brasil mais exporta para a China são alimentos, proteínas e minérios. E cresce o comércio bilateral de produtos manufaturados.
Um outro setor no qual o Brasil pretende ser parceiro da China é o das Ferrovias. A China, maior em extensão territorial, tem estradas de ferro cortando o país em todas as direções, transportando passageiros e mercadorias. É este conhecimento técnico que o Brasil tem interesse em compartilhar com a China para aplicar aqui. Foi o que afirmou a presidenta Dilma em entrevista à TV Chinesa, para 500 milhões de telespectadores interessados em saber mais sobre o Brasil.
A VI Cúpula dos BRICS começou a se realizar em Fortaleza quando acontecia o último jogo da Copa do Mundo de Futebol, e teve a seguir novas reuniões de chefes de Estado em Brasília, que coincidiram com um outro encontro, de nações latino-americanas e caribenhas que também quiseram tirar uma casquinha do grande evento e propuseram parcerias com este novo banco internacional, para se livrarem dos altíssimo juros cobrados pelo FMI quando precisarem de recursos, sem falar nas intromissões políticas neoliberais nos negócios internos dessas nações. Portanto prestemos atenção a este novo fato econômico mundial, que revela o quanto a grande mídia capitalista e a brasileira, especificamente, estavam erradas e comprometidas com suas elites, quando noticiavam que os BRICS não tinham muita importância no desenvolvimento global.
Desde 2008 o mundo capitalista vem sendo atingido por uma crise econômica muito forte, cujas soluções apontam sempre para castigar o bolso dos trabalhadores e da classe média urbana, com recessão, desemprego, fim dos programas sociais e muito sofrimento para o povo. Os BRICS só vieram a ser atingidos em torno de 2011 e 2012, mas foram atingidos.
Sobre este fato que acabamos de narrar, a presidenta Dilma fez três declarações:
- A taxa brasileira de crescimento desacelerou e o novo banco dos BRICS significa oxigênio para que nossas cinco nações terem fôlego para enfrentar mais uma crise capitalista.
- Todos nós desaceleramos a nossa taxa de crescimento. O novo banco dos BRICS é uma resposta porque implica numa nova fonte de financiamento para aqueles países que acreditam que não é possível só fazer recessão, cortar empregos, onerar os trabalhadores e acabar com os processos de inclusão social.
- Hoje os brasileiros têm novas demandas, novos anseios, novas preocupações e novos desejos. Por quê? Porque quando você dá um passo além do mínimo para viver, você passa a querer o máximo para desfrutar. O nosso sonho é esse, transformar o Brasil num país em que todos os brasileiros tenham o máximo para viver melhor.
Trata-se, portanto, de um sopro de esperança para os dias conturbados deste nosso planeta. Mas, o que é a vida, senão, apenas um sopro, como dizia o nosso sábio arquiteto e humanista Oscar Niemeyer?
*Almir Aguiar é bancário, advogado e presidente licenciado do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro
Fonte: Almir Aguiar