Na noite anterior à sua morte, o general Urano Bacellar teve uma reunião difícil com representantes da Câmara do Comércio e Indústria do Haiti, segundo informações de uma repórter do jornal Haiti Progres. Os representantes da elite haitiana exigiram uma abordagem mais pesada contra os bairros periféricos da capital Porto Príncipe, como Cité Soleil – onde se encontram em massa os opositores do atual regime e integrantes do Lavalas, partido do presidente deposto, Jean Bertrand Aristide.
Ao mesmo tempo, o chefe diplomático da ONU no Haiti, Juan Valdes, pressionava Bacellar para que a Minustah ocupasse estes bairros, com a justificativa de que ali se abrigavam grupos que vêm realizando uma onda crescente de seqüestros. Ativistas de direitos humanos afirmam que o motivo real é a perseguição aos opositores do atual regime. Ainda de acordo com a repórter, Bacellar negava o endurecimento das missões e a ocupação dos bairros.
Após a morte – por motivos ainda não confirmados – do general Urano Bacellar, então comandante da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), o governo brasileiro afirmou que não abrirá mão do controle das tropas. A estratégia do Brasil é, através da ação no Haiti, garantir uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. A Minustah, que tem como função garantir a estabilidade do governo imposto pela França, EUA e Canadá após a derrubada de Jean Aristide em 2004, até agora consumiu R$340 milhões somente do Brasil e deixou um saldo de mais de 200 mortos/as. Com a morte de Bacellar, o general chileno Eduardo Aldunate assumiu o comando provisoriamente, até que a ONU nomeie o próximo comandante oficial – provavelmente um brasileiro. Aldunate foi um importante membro do Exército durante a ditadura de Pinochet (1973-1990). Além disso, o general recebeu treinamento na Escola das Américas, criada pelos EUA em 1946 e responsável pela formação de militares que deram suporte para ditaduras em todo o continente.
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