Por Glauco Faria
Presente na mesa-redonda “Estado e Sociedade na Construção de Políticas Públicas”, a secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, falou à Fórum a respeito das possibilidades da educação participar do combate à discriminação e buscar a eqüidade entre gêneros.
Como a educação pode auxiliar no combate à discriminação não apenas para o futuro, mas também para o momento atual?
Se trabalharmos o conceito amplo de educação, que vai além da educação formal, temos que avaliar o papel das campanhas publicitárias, da propaganda e dos meios de comunicação. É preciso não reforçar os estereótipos e trabalhar a idéia de diversidade com imagens positivas, como elemento que agrega valor a tudo. Temos visto que isso funciona, como no caso recente de duas novelas que trataram a questão da violência contra as mulheres e o problema não só teve a visibilidade aumentada como o número de denúncias desse tipo de caso aumentou. Programas como esse são capazes de mobilizar segmentos da sociedade e tem um papel importante na educação.
Hoje a mulher já supera o homem em número de matrículas no ensino superior, mas a distância entre os dois no mercado de trabalho continua. O que fazer para reduzir essa diferença?
Estamos trabalhando em várias direções. Implantamos o Programa Pró-Eqüidade de Gênero, voltado a empresas públicas, que constitui um selo, uma espécie de ISO, para certificar a gestão que tem como uma das prioridades a questão da eqüidade. No segundo semestre de 2006, esse projeto deve ser ampliado também apara as empresas privadas.
Outro avanço importante foi a criação da Comissão Tripartite de Igualdade de Oportunidades, que envolve o Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a Organização Internacional de Trabalho. Além disso, existe a própria legislação trabalhista, que já tem diversos pontos que inibem a discriminação, mas é preciso ainda melhorar os instrumentos para se exigir o cumprimento da lei.
A escola hoje acaba funcionando como um elemento perpetuador da desigualdade?
Muitas vezes funciona sim, pois a escola não está isolada da sociedade e acaba reproduzindo preconceitos. Por isso, o governo está voltando seu foco também para a formação dos professores, buscando romper esse ciclo.
Fonte: Revista Fórum