Sindicato dos Bancários/ES paralisa agência do BB em Afonso Cláudio

Há oito meses, os funcionários e clientes do Banco do Brasil em Afonso Cláudio, cidade a 141 km de Vitória, sofrem com os problemas causados por uma obra estrutural que vem sendo realizada na agência. Porém, a situação ficou ainda mais caótica nas últimas semanas, quando dirigentes do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, filiado à Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), estiveram no local e fotografaram a unidade.

Os registros mostravam uma agência sob escombros: tapumes por todos os lados, materiais de construção e ferramentas espalhados pelo chão, instalações elétricas e hidráulicas expostas, poeira e barulho, tornando as condições insalubres tanto para os empregados quanto para os usuários.

Diante do flagrante de violação das condições de segurança e saúde no trabalho, o Sindicato retornou à agência na manhã de terça-feira (3) para cobrar uma solução efetiva do banco e, caso necessário, paralisar o funcionamento da agência.

Por volta das 9h30, os dirigentes chegaram ao Banco do Brasil e constataram que os problemas diagnosticados dias antes permaneciam. O primeiro incômodo ao adentrar a unidade foi a poeira permanente no ar, já que os trabalhadores da construção civil estavam em plena atividade.

Agência fechada em protesto
Ao vistoriar a unidade, o Sindicato verificou que o segundo pavimento ainda não estava concluído e os bancários teriam de trabalhar no primeiro andar em meio às obras. Por não haver condições mínimas e dignas para funcionários e clientes, os dirigentes realizaram uma ação sindical de paralisação do funcionamento da agência, que ficou com o atendimento bancário suspenso durante todo o dia. Apenas a área de autoatendimento permaneceu aberta ao público.

Antes das 10h, horário em que a agência abriria, usuários já aguardavam em fila para serem atendidos e foram surpreendidos com a paralisação realizada pelo Sindicato, mas não com a motivação. Os dirigentes conversaram com os clientes, que logo se solidarizaram e compreenderam a situação.

Merina Cassimiro de Melo, aposentada de 71 anos e cliente do banco, relatou a preocupação com a demora da obra e os problemas para os usuários: “Já faz um bom tempo que está tendo essa obra, e parece que não está nem na metade. Por ser o Banco do Brasil, acho que o trabalho está muito atrasado. Nós, que somos clientes, chegamos aqui e quase não dá nem para entrar nessas condições”.

Descumprimento da NR-18

Bethania Emerick, diretora do Sindibancários/ES que esteve presente na ação, criticou o banco e denunciou o descumprimento da NR-18 do Ministério do Trabalho e Emprego, que estipula medidas para garantir condições adequadas para a realização das atividades no setor da construção e áreas relacionadas.

“A paralisação realizada ontem foi um grito de alerta claro e direto. Não é possível aceitar que um banco da importância do Banco do Brasil, com lucros exorbitantes, submeta seus trabalhadores e clientes a essas condições de descaso e desrespeito”, disse. “É preciso que o BB reconheça a legitimidade da preocupação com as condições de trabalho e cumpra as normas estabelecidas pela NR-18, que trata da segurança do trabalho em obras dentro de agências bancárias”.

Histórico de obras e caos

O caso da agência do Banco do Brasil em Afonso Cláudio não é o primeiro. Em outubro do ano passado, as unidades de Aracruz e Santa Leopoldina passaram por reformas que também trouxeram impactos para os trabalhadores, e o Sindicato precisou intervir para garantir condições de trabalho adequadas.

Assim como em Afonso Cláudio, o cronograma de obras das duas agências citadas não respeitou o horário de trabalho. “Ao realizar obras desse porte no horário de funcionamento das agências, o banco assume o risco de vida de funcionários e clientes submetidos a condições insalubres. E parece querer reduzir custos imediatos para satisfazer acionistas, em um processo inaceitável de precarização”, critica Bethania Emerick.

Em 2016, outra vez o Sindicato precisou agir. Três empregados do BB de Colatina adoeceram devido a problemas respiratórios após serem expostos à poeira durante uma reforma na agência. “Não é a primeira agência em reforma em que há problemas dessa natureza, mas esperamos que seja a última”, assinala Bethania. “O Sindicato já tem cobrado soluções mais concretas para essa questão das obras e vai continuar de olho, pressionando por melhores condições de trabalho e de atendimento ao cliente”, pontua.

Fonte: Sindicato dos Bancários/ES