Através do Vice-Presidente, Pedro Batista, e do Diretor Geral de Finanças, Wagner Figueiredo, a Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), está participando da Jornada Sindical Internacional IA no Sistema Financeiro, organizada pela UNI Global Union Americas, que ocorre nos dias 6 e 7 de novembro, no Auditório do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, no Centro.
A jornada reflete a urgência em aprofundar temas e pensar a articulação política sindical internacional em face dos problemas globais vivenciados pelos trabalhadores.
O Cenário de Investimento e Transformação Tecnológica
O setor bancário no Brasil é o que mais investe em tecnologia no país. Em 2024, o orçamento para tecnologia foi de R$ 42 bilhões, com expectativa de quase R$ 50 bilhões para 2025. Entre 2018 e 2023, o crescimento desse investimento no Brasil foi exponencial, chegando a 97%. Atualmente, 96% dos bancos já utilizam Inteligência Artificial (IA) em seus processos, e a IA generativa está no centro da agenda estratégica.
A digitalização alterou profundamente as transações, sendo que apenas 2% delas ocorrem em agências físicas. Com este avanço, cresceu a proporção de trabalhadores na área de Tecnologia da Informação (TI), que representava quase 13% dos empregados formais em 2024, contra 3% há 10 anos. No entanto, essa expansão tem se concentrado em homens, sendo que as mulheres representam apenas 24% da participação em TI e este número tem diminuído.
Impactos no Emprego e na Saúde Mental
A IA generativa coloca em risco de transformação ou impacto significativo 1 a cada 4 empregos globalmente. Profissionais bancários, serviços financeiros, caixas e escriturários estão entre as ocupações mais expostas ao impacto da IA (consideradas de alto risco).
A IA agrava o controle e o monitoramento do trabalho. Exemplos recentes no Brasil, como a demissão de mais de 1000 trabalhadores do Itaú com base em software de monitoramento de cliques, ilustram o poder do controle.
O impacto no bem-estar dos trabalhadores é notável: 40% dos bancários relatam problemas de saúde mental, e 25% afirmam que sua saúde mental piorou desde a introdução da IA nos bancos. Sintomas como insegurança profissional, ansiedade, estresse e insônia são frequentemente relacionados ao impacto da IA no trabalho.
A Agenda Sindical e o Futuro do Trabalho
O movimento sindical, busca garantir a centralidade humana nesse processo de transição tecnológica. A luta visa transformar a IA em ferramenta de emancipação social.
As principais pautas de negociação coletiva incluem:
Garantia da Negociação Coletiva: A implementação da IA não pode ser unilateral, exigindo diálogo com os sindicatos para acompanhar e gerir o futuro do trabalho.
Distribuição dos Ganhos de Produtividade: Os ganhos de produtividade resultantes da IA devem ser redistribuídos por meio de benefícios sociais, como a redução da jornada de trabalho (e.g., semana de 4 dias) sem corte de salários.
Limites ao Monitoramento: Proibir a vigilância invasiva (como o uso de câmeras dentro das casas dos teletrabalhadores) e garantir que o monitoramento seja discutido e acordado, dando aos trabalhadores direito a feedback e contestação.
Requalificação Profissional: Estímulo a programas de requalificação e apoio à transição para trabalhadores impactados pela automação.
Para os novos coletivos de trabalhadores (como em fintechs e TI), muitas vezes sem cultura sindical, é necessário criar estratégias de organização que abordem problemas como a solidão do trabalho remoto e o sentimento de autonomia ilusória.
A comunicação sindical deve focar na pertinência e na criação de um projeto coletivo, e não apenas na afiliação. A mensagem chave deve ser que o sindicato garante que a inovação digital não se traduza em exploração analógica.




