Os dirigentes sindicais da base da Federação, reunidos na última quarta-feira, discutiram as ações políticas que serão tomadas para tentar conter os abusos dos bancos quanto ao atendimento à população. De horários estendidos até recusa de prestação de serviços, foram vários os problemas relatados durante a reunião. Em todas as situações, os clientes e usuários são parte importante do esforço para conter os abusos.
Os horários estendidos que alguns bancos estão praticando beneficiam somente os negócios, mas não oferecem nenhuma vantagem ou conveniência para a população. O movimento sindical sempre defendeu que os bancos fiquem abertos das 09h às 17h, com dois turnos de trabalho, para que a população tenha mais tempo para fazer suas transações sem que a jornada de seis horas de trabalho dos bancários seja desrespeitada. O Banco Central determina apenas que os bancos funcionem por seis horas consecutivas todos os dias, sendo que entre meio-dia e 14h todos os estabelecimentos bancários do país devem estar abertos. Aproveitando esta liberalidade do órgão regulador, as instituições financeiras estão adotando horários variados. Muitas vezes há segregação de atendimento – somente correntistas têm acesso às dependências a partir de determinada hora. E o novo horário tem sido imposto aos funcionários sem nenhuma consulta prévia ao movimento sindical. “Decidimos que será feito um abaixo-assinado entre a população para reivindicar que os bancos passem a funcionar de 09h às 17h com dois turnos de trabalho. Essa mudança poderá não só melhorar o atendimento, mas também promover a criação de mais empregos nos bancos”, informa Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação.
Segregação
Outro problema que tem sido relatado em várias bases diz respeito à recusa dos bancos em realizar algumas transações. As instituições financeiras já vinham, há muitos anos, recomendando os correspondentes bancários para reduzir o número de clientes e, sobretudo, de usuários dentro das agências. Agora, tem sido comum haver uma espécie de triagem para impedir que clientes paguem boletos ou façam depósitos e saques na boca do caixa. “O pagamento de boletos de cobrança, até de contas de concessionárias como de luz, água e telefonia, está sendo recusado. O funcionário que fica na triagem indica o correspondente bancário. Temos visto também os não correntistas e até mesmo clientes sendo “empurrados” para bancos concorrentes”, informa Luiz Cláudio da Rocha, presidente do Seeb-Petrópolis. E os bancos não respeitam nem os mais velhos. “Eu sempre paguei todas as minhas contas, assim que chegavam, na mesma agência do Itaú, que fica bem perto da minha casa. Mas, como não sou cliente do banco, não me deixam mais entrar para fazer meus pagamentos. Agora, tenho que juntar tudo e pagar no Bradesco, quando vou sacar meu benefício”, reclama a aposentada Maria da Guia Pereira. “E isso não acontece só nos bancos privados, o BB e a Caixa também adotam esta postura”, completa Elisabeth Paradela, diretora do Seeb-Baixada.
A pressão para reduzir o número de operações na boca do caixa é tanta que os bancários já começam a acreditar que se trata de uma medida positiva. “Tivemos denúncias de que o Programa Agir, do Itaú, impõe punições às agências que registram muitas autenticações de boletos e contas de concessionárias públicas nos guichês de caixa. No caixa eletrônico não há limitação. Os bancários passam a colaborar com esta prática para evitar prejuízos à pontuação”, relata Leonice Tania Pereira, diretora da Federação. “Isto está provocando até rivalidades entre os funcionários de bancos diferentes. Há algumas semanas presenciamos uma discussão entre um gerente do Bradesco e um do Itaú porque um estava mandando clientes pagarem boletos no banco do outro”, relata Luiz Cláudio da Rocha. “Há muitos casos de bancários que fazem a triagem fora da agência, expostos ao calor intenso do verão, aos riscos de trabalhar na rua e até à irritação da população. Já tivemos informação de que um bancário foi agredido por um usuário que foi barrado na porta do banco”, informa Leonice.
Os sindicatos filiados à Federação decidiram tomar providências quanto a este problema. “A decisão do Sistema Diretivo foi a de encaminhar denúncia ao Ministério Público sobre este assunto. Foi definido também que cada sindicato deverá procurar as prefeituras, câmaras municipais e órgãos de defesa do consumidor para buscar soluções para a segregação do atendimento”, informa Nilton Damião Esperança. “Banco é concessão pública e tem que receber autorização para funcionar. Não é admissível que os bancos se recusem a prestar o serviço à população”, acrescenta Leonice Pereira.
Autenticação
Os clientes também têm reclamado da nova prática que vem sendo adotada por vários bancos de não autenticar os documentos, mas imprimir o comprovante na fita de caixa. “A impressão térmica da fita apaga em pouco tempo, os clientes correm o risco de perder a única maneira de comprovar a operação”, pondera Luiz Cláudio. “Era muito melhor quando a autenticação era feita no próprio boleto. Agora, eu sou obrigada a tirar cópia dos comprovantes depois de pagar as contas. Tenho que juntar três ou quatro, para fazer uma cópia só e gastar menos”, relata a aposentada Laura Tavares.
Quanto a esta prática, já há uma decisão do Ministério Público que obriga os bancos a fazerem a autenticação no próprio documento. “Os sindicalistas da base da Federação decidiram tomar a mesma atitude e encaminhar denúncia sobre este problema nos dois estados”, adianta Nilton Damião Esperança. “Quando fazemos greve e dizemos que estamos lutando também pelo melhor atendimento, muita gente diz que é conversa fiada. Mas o movimento sindical está, sim, preocupado com os clientes e usuários. Quem não se importa em melhorar o atendimento são os bancos”, conclui Luiz Claudio da Rocha.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES