Foto: Marcos Manocchi/CUT
As centrais sindicais que integram o grupo de trabalho Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical, da Comissão Nacional da Verdade (CNV), farão um ato público na segunda-feira (22), no Sindicato Nacional dos Aposentados, no centro da capital paulista, para lembrar a greve geral de 1983, que levou 3 milhões de trabalhadores para as ruas.
Segundo o coordenador da Comissão Nacional de Memória Verdade e Justiça, da CUT, Espedito Solaney, o ato busca incorporar os sindicatos na agenda da CNV e ajudar na luta por reparação para as vítimas da ditadura. “Sindicalistas de base tiveram seus mandatos cassados, vários desapareceram, vários foram exilados. Queremos a reparação moral, política e material para todos que foram vítimas e foram violados em seus direitos humanos fundamentais.”
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Solaney diz que o grupo de trabalho destacou 11 temas a serem estudados referentes à ditadura, como repressão às greves, a legislação “antissindical e antissocial” e o levantamento de sindicatos que sofreram intervenção, durante e após o golpe.
O coordenador diz que a política de arrocho salarial implementada ao longo da ditadura rebaixou o salário mínimo “em mais de 50 % “, o que significou uma perda “imensurável” para os trabalhadores: “Parte dos filhos deles ficou raquítica, não se desenvolveu física e intelectualmente. A lei de arrocho salarial veio de encontro à campanha de reposição salarial iniciada com o João Goulart”.
O relatório final do grupo de trabalho deve ser concluído em novembro de 2014. As centrais incluirão no relatório o pedido de reparação aos trabalhadores, feita pelas empresas que colaboraram com a ditadura, inclusive em forma de indenização, a exemplo do que ocorreu na Argentina, onde houve reparação e condenação de generais.
Para o secretário das Políticas Sociais da CTB, Rogério Nunes, empresários que colaboraram com a perseguição de trabalhadores também devem pagar indenização. “Quem comete crime deve pagar pelos seus atos. Muitos empresários faziam listas exclusivas proibindo determinados trabalhadores de trabalhar, fazendo eles ficarem na extrema pobreza por perseguição. Os trabalhadores não tiveram condição de sobrevivência.”
Fonte: Rede Brasil Atual