O Seminário do Ramo da Comunicação da CUT aconteceu no Rio de Janeiro nos dias 31 de julho e 1º de agosto e teve como objetivo construir a luta conjunta das categorias ligadas à comunicação. Dirigentes dos trabalhadores em Telecomunicações, Tecnologia da Informação e dos Correios discutiram os rumos de sua organização e as estratégias de luta que serão construídas para enfrentar os desafios impostos pela organização do mercado de informação.
O seminário foi aberto com duas palestras, no dia 31. A primeira foi com Marcos Dantas, professor Titular da Escola de Comunicação da UFRJ, com o tema “Um cenário: o arranjo produtivo do capital no setor”. Dantas discorreu sobre a organização empresarial das empresas de mídia no Brasil, comparando-a com a de outros países, e sobre a necessidade de rever a estrutura. Dantas é uma das figuras proeminentes do movimento pela democratização da comunicação e defende o fim da propriedade cruzada, que é quando um empresário ou família detém várias mídias diferentes, como jornal, rádio e TV. Outra bandeira defendida pelo professor é que a transmissão e a produção de conteúdo não sejam feitas pela mesma empresa, ao contrário do que existe hoje, sobretudo na TV. Dantas destaca que em muitos países a divisão se dá desta forma, sem nenhum prejuízo para o público. No Brasil, isto permitiria, entre outras vantagens, o aumento da diversidade na programação, já que abriria mais espaço ao que se chama de produção independente.
A segunda palestra foi com o jornalista Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Miro, como é conhecido, falou sobre a regulação do setor no Brasil. Com sua fala bem-humorada, o jornalista defendeu a necessidade de se rever a legislação que faz com que se transforme em “liberdade de empresa” o que deveria ser liberdade de imprensa e de expressão. Outro ponto abordado foi a necessidade do governo federal redistribuir as verbas publicitárias oficiais, já que os gastos com propaganda nos grandes veículos são altos, deixando de lado veículos menores, regionais e alternativos, mas isso não impede que a mídia hegemônica desmoralize e combata o governo.
Diante de uma plateia de sindicalistas, o jornalista destacou a necessidade que as entidades sindicais têm de se apropriar das mídias alternativas, sobretudo da internet. Desta forma, seria possível furar o bloqueio da mídia tradicional para fazer chegar aos trabalhadores outra abordagem, que não privilegie os interesses da classe dominante. No vídeo abaixo, Miro dá um recado aos dirigentes sindicais:
O segundo dia do evento foi dedicado a discussões dos sindicalistas sobre a construção do ramo da comunicação. Somente diretores das entidades envolvidas participaram dos debates.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES