A terceirização de serviços de vigilância, mesmo permitida pela legislação atual, é uma constante fonte de problemas nos bancos. Desta vez, os vigilantes da empresa CJF Vigilância que atuam nas agências do BB em Petrópolis decidiram cruzar os braços na última quarta-feira, em protesto contra o atraso no pagamento dos salários. A empresa vinha pagando com até cinco dias de atraso há quatro meses.
A empresa também atua na Caixa e costuma atrasar salários, mas não todos os meses. “O Itaú foi cliente da CJF, mas desfez o contrato e substituiu a terceirizadora justamente por causa da irregularidade nos pagamentos”, relata Marcos Alvarenga, diretor do Sindicato dos Bancários de Petrópolis. No fim da tarde a empresa fez o depósito dos salários e os vigilantes voltaram ao trabalho no dia seguinte.
Problemas semelhantes vêm ocorrendo em outros estados, já que a firma tem filiais em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória. O Sindicato dos Vigilantes do Estado de Minas Gerais denunciou a empresa à SRTE por atraso nos salários e repasses de tíquetes e vale-transporte em junho deste ano.
Pra que dinheiro
A CJF afirma que os atrasos nos pagamentos são decorrentes de problemas financeiros que vem enfrentando. O curioso é que a sede da empresa, em Juiz de Fora, fica num palacete histórico construído no final do século XIX e restaurado pelo dono da firma em 1985. “Estas empresas sempre operam na corda-bamba, os contratos novos pagam os empregados dos contratos antigos. O que eles fazem com o dinheiro, ninguém sabe. E, muitas vezes, as empresas simplesmente desaparecem, deixando os funcionários sem salários, sem verbas rescisórias, sem nada. Os trabalhadores terceirizados sempre estão em desvantagem não só porque ganham menos, mas porque não têm garantias, já que as firmas são instáveis, algumas até desonestas. E ainda querem ampliar a terceirização. Se isso acontecer, não haverá mais nenhuma garantia trabalhista no Brasil”, pondera Paulo de Tarso, diretor da Fetraf-RJ/ES.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES