Sindicalistas de todo o mundo se unem à campanha contra o PL 4330
durante Conferência Internacional da Universidade Global do Trabalho
A bancária Jô Portilho, funcionária do Itaú e diretora da Contraf-CUT, esteve em Mumbai, na Índia, participando da Conferência Internacional TISS/ICDD (International Center for Development and Decent Work – www.icdd.uni-kassel.de). O evento é parte da formação continuada que recebem os ex-alunos do curso da GLU – Universidade Global do Trabalho, onde Jô cursou mestrado.
A Global Labour University (www.global-labour-university.org) é um programa de formação acadêmica para sindicalistas e militantes das causas do trabalho. Esse programa, que iniciou em 2004 na Universidade de Kassel/Escola de Economia de Berlim, já conta hoje com 4 campi (Índia, África do Sul e Brasil além da Alemanha) e, a partir de 2014, passará a funcionar também em uma universidade dos Estados Unidos da América.
Ex-alunos da GLU também participaram de painéis paralelos que discutiram os Desafios do Movimento Sindical em seus países. Jô Portilho fez uma apresentação sobre o PL 4330, mostrando que, por trás da diminuição dos custos fixos, os empresários pretendem acabar com as garantias trabalhistas existentes no país e agravar o quadro de precarização das relações do trabalho no país. A partir do debate que se seguiu ao painel, a classe trabalhadora brasileira recebeu a solidariedade internacional através de fotos onde cada sindicalista segura um cartaz improvisado com o nome de seu país seguido da expressão “diz não ao PL 4330”.
Fotos da campanha de solidariedade no Facebook de Jô Portilho aqui e aqui.
Troca de experiências
A convite da sindicalista indiana Vijialaskmi, Jô Portilho participou de uma assembléia no Sindicato dos Bancários de Mumbai na qual um grupo de trabalhadores recém-promovidos de função iriam decidir por se filiarem à entidade. Isso porque na Índia há sindicatos diferentes de acordo com a função do bancário, havendo, por exemplo, uma entidade para os escriturários e outra dos gerentes. Diferente do que ocorre no Brasil, onde toda a categoria é representada por um só sindicato. Na oportunidade, a sindicalista brasileira falou sobre a Campanha Nacional, a greve e o acordo nacional da categoria.
Vijialaskmi também é ex-aluna da GLU e fez intercâmbio no Brasil em 2010 junto aos bancários da base da Fetraf-RJ/ES. Ela participou da Campanha Salarial e visitou vários sindicatos do interior do Rio de Janeiro fazendo palestras.
Veja fotos das visitas aos sindicatos indianos aqui.
Na programação internacional do evento da GLU houve espaço para uma série de visitas de intercâmbio com o movimento sindical indiano. Os integrantes da rede GLU visitaram o All Mumbai Sanghatinkamgar Union, (Sindicato de Trabalhadores Informais de Mumbai), cuja sede não é mais que uma tenda no meio de uma enorme favela que recebe imigrantes de diversos países asiáticos. “O grupo foi recebido com um respeito e reverência como se fossem Chefes de Estado, tamanha a carência daquela população humilde por solidariedade”, relata Jô Portilho. A bancária conta que o Secretário Geral narrou a experiência difícil porém gratificante de organizar trabalhadores domésticos, vendedores de rua, trabalhadores informais da limpeza urbana, entre outros. Moradores locais deram seus depoimentos sobre como a organização sindical estava contribuindo para mitigar as condições sub-humanas em que vivem. “No final do encontro emocionante, já era noite e toda a população ali presente acompanhou em cortejo festivo o grupo da GLU pelas ruelas estreitas até o ônibus. Foi um momento de muita emoção e aprendizado”, lembra a bancária brasileira.
Outra visita de intercâmbio realizada pelo grupo da GLU foi ao Sindicato dos Portuários de Mumbai. Segundo relata Jô Portilho, trata-se de um sindicato de organização mais tradicional que não agrega os terceirizados nem os informais, mas que tem uma convenção coletiva com muitos direitos garantidos, inclusive sociais, como creche, licença maternidade de 6 meses, programas de formação, etc.
Os ex-alunos também conheceram uma experiência sindical recente que organiza os trabalhadores informais ligados
à coleta de lixo de Mumbai. Cada trabalhador informal paga cerca de R$ 2,00 por mês diretamente no sindicato onde o Secretário Geral trabalha como voluntário, sem qualquer remuneração.
Jô destaca que, mais alarmantes que as do Brasil, as estatísticas indianas apontam que cerca de 90 % da população está ligada ao setor informal. “Falar em organização sindical sem falar em como os indianos organizam seus trabalhadores informais é praticamente impossível”, avalia. Segundo a bancária ouviu de dirigentes sindicais indianos, este índice de informalização se elevou especialmente a partir da implantação de politicas neoliberais. “Apesar de muitos trabalhadores terceirizados brasileiros terem carteira assinada, as condições de trabalho são péssimas e não há garantias de que os direitos trabalhistas serão respeitados, já que as empresas não são idôneas. A aprovação do PL 4330 poderá levar o Brasil pelo mesmo caminho e fazer nosso mercado de trabalho ficar muito parecido com o indiano”, acredita Jô.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES