Os sindicalistas bancários que participaram do II Fórum pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro aprovaram uma carta com as resoluções do evento. O documento traz não só a posição dos dirigentes sobre os temas discutidos, mas também propostas de atuação e realização de atividades. Um dos compromissos assumidos foi o de realizar o Fórum a cada dois anos, de forma itinerante.
Veja aqui o texto da carta aprovada no evento.
Andréa Freitas de Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, ressalta que o Fórum inovou ao trazer para o centro do debate o racismo institucional. “Ele é tão mascarado que os sindicalistas dificilmente o discutem. Talvez porque alguns de nós não tenham, ainda, se apropriado do tema e não estejam convencidos de que classe e raça são dois temas que estão imbricados. Para a diretora, o caminho para mudar esta situação é incluir a discussão do racismo – e da igualdade de oportunidades, como um todo – na política de formação das entidades. “Esta postura exige disciplina militante. Não adianta ter vontade se não estudar. O dirigente tem que buscar permanentemente a atualização dos conhecimentos”, acredita.
Para Andréa, a discussão sobre racismo precisa ganhar mais peso na pauta do movimento sindical. “Nós, dirigentes, precisamos ter coragem para pautar nossos temas o assunto. As mesas temáticas têm sido importantes para as chamadas cláusulas sociais. Muitas das pautas destas mesas vão sendo amadurecidas e acabam se consagrando na mesa da Fenaban e entrando na Convenção Coletiva. Foi o caso da ampliação da licença-maternidade e da extensão do plano de saúde a parceiros homoafetivos, por exemplo”, recorda a sindicalista. O sucesso das iniciativas, entretanto, é tímido diante dos desafios que ainda se colocam para a discussão destes temas. “Não adianta só fazermos congressos e conferências se não levarmos a pauta do racismo institucional, da homofobia, do machismo para os espaços de decisão. As secretarias de Políticas Sociais ou outras pastas que tratem dos temas sociais têm o desafio de fazer o debate com a categoria e levá-lo amadurecido, como proposta, para a Conferência Nacional. Estes temas são tão importantes quanto quaisquer outros”, acrescenta.
Ameaça iminente
Almir Aguiar, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, apresentou um desafio imediato para os militantes do movimento negro: as tentativas de derrubar o feriado de 20 de março, dia da Consciência Negra e aniversário de morte de Zumbi dos Palmares. “A Associação Comercial do Paraná obteve uma liminar junto ao Tribunal de Justiça do estado cancelando o feriado, alegando prejuízos ao comércio. Este tipo de iniciativa tem que ser fortemente combatido, já que pode abrir um precedente. As entidades do movimento negro, os sindicatos, os movimentos sociais tem que se unir e lutar para que o feriado seja nacional, com aprovação do projeto que já tramita no Congresso”, defendeu Almir. O presidente do Seeb-Rio fez referência ao PLS 302/204, de autoria do senador Paulo Paim, que completa a lei já em vigor, oficializando a data como feriado oficial em todo o país. Atualmente, a decretação do feriado tem sido feita por Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas. “Se fosse para comemorar os feitos de um homem branco, não seria contestado. Derrubar o feriado que lembra a luta do povo negro é uma clara demonstração de racismo e nós precisamos combatê-la”, estimula o sindicalista.
A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT enxerga o mesmo caminho. “A conjuntura política e o avanço das forças conservadoras no mundo – e no Brasil – exige das direções dos sindicatos uma postura proativa para melhorar a interlocução com os movimentos sociais. A partir desta troca poderemos construir alianças que nos fortaleçam para que possamos avançar nas temáticas específicas”, avalia Andrea.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES