Comando avalia Campanha 2013 vitoriosa, mesmo com práticas antissindicais

Em reunião ocorrida na tarde desta terça-feira (26), em Brasília, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, avaliou como vitoriosa a Campanha 2013, apontou a necessidade de continuidade das lutas da categoria, agendou um seminário de planejamento para os dias 5 e 6 de fevereiro de 2014 e marcou a 16ª Conferência Nacional para os dias 25, 26 e 27 de julho de 2014, em São Paulo.

O encontro foi realizado após o ato promovido na parte da manhã pela CUT e demais centrais sindicais, em frente ao Banco Central, por “menos juros e mais emprego” e pela redução imediata da taxa Selic, seguido de uma caminhada até o Supremo Tribunal Federal (STF) em protesto contra a criminalização dos movimentos, em defesa da democracia e em solidariedade aos presos políticos.

Avaliação da Campanha 2013

Todos os integrantes do Comando enfatizaram a força da unidade e da mobilização dos bancários, salientando a vitória da greve nacional, que durou até 26 dias, e destacando as principais conquistas econômicas e sociais da categoria, bem como os avanços nas negociações específicas com os bancos públicos.

“Impulsionada pelo mote ‘Vem pra luta’, foi a campanha da ousadia, da mobilização e da unidade da categoria, conquistando aumento real de salário pelo décimo ano consecutivo, valorização do piso e melhoria da PLR. Os bancários deram mais uma grande demonstração de força, quebrando a intransigência dos bancos, que este ano tinham a estratégia clara de acabar com os ganhos acima da inflação para reduzir custos, de vencer os bancários pelo cansaço e de punir os grevistas com o desconto dos dias parados”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

“Conseguimos avanços expressivos igualmente na questão da saúde e condições de trabalho, como a proibição de as empresas enviarem torpedos aos bancários cobrando resultados, a criação do grupo de trabalho sobre as causas de adoecimento da categoria e a concessão de um dia de folga-assiduidade para cada trabalhador”, salienta Cordeiro.

Outra conquista social muito importante foi o vale-cultura, inicialmente para os bancários que ganham até cinco salários mínimos. “Isso permitirá que mais trabalhadores tenham acesso à literatura, ao cinema, ao teatro, aos espetáculos de música, valorizando a cultura em todo o país”, destaca o presidente da Contraf-CUT.

No final da greve, os bancários ainda derrotaram a proposta da Fenaban de compensar os dias parados em 180 dias. Com a resistência do Comando, a compensação foi drasticamente reduzida e está sendo feita somente com a realização de uma hora diária até 15 de dezembro.

Para Nilton Damião Esperança, representante da Fetraf-RJ/ES no Comando Nacional, um ponto negativo desta campanha foi a postura antissindical do BB e da Caixa. “O assédio moral foi intenso e acabamos tendo uma espécie de greve branca, com os bancos fechados e os bancários nas agências, trabalhando. Os funcionários foram fortemente pressionados a furar a greve, principalmente no BB. Na Caixa também houve pressão. Muitos bancários recém-contratados e também comissionados tiveram medo de represálias e insistiram em trabalhar”, relata o sindicalista.

Já os bancos privados não inovaram, mas insistiram em forçar os bancários a trabalhar depois do expediente bancário. “Além de passarem o dia todo trabalhando fora da agência com vendas de produtos, os funcionários eram forçados a entrar depois do horário. E não são casos isolados, acontece em todos os bancos e na maioria das unidades”, informa o dirigente.

Outra situação que Nilton considerou inaceitável foi a extensão das reuniões. “Estas negociações que entram madrugada adentro são um abuso. Às vezes, depois de um intervalo, levamos muitas horas para retomar a reunião e acabamos terminando muito tarde. Embora isso não dependa só do Comando Nacional, entendo que devemos estabelecer um horário-limite. Isto é muito desgastante para nós, principalmente porque a maioria vem de outros estados, e acaba não sendo a opção mais produtiva”, critica.

A luta continua

Os integrantes do Comando apontaram a importância de continuar a mobilização da categoria, buscando novos avanços nas negociações permanentes com os bancos e nas mesas temáticas com a Fenaban. Um das questões ressaltadas foi o reforço da luta pelo emprego, sobretudo nos bancos privados, diante da política de demissões e de alta rotatividade do Santander, Itaú, Bradesco e HSBC.

Também foi salientada a necessidade de acompanhamento permanente do Grupo de Trabalho (GT) sobre as causas do adoecimento dos bancários, que volta a se reunir nesta quinta-feira (28), em São Paulo. Ainda foi destacado que é preciso ficar de olho no projeto-piloto de segurança bancária, conquistado nas negociações da Campanha 2012 e se encontra em andamento em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.

Adiamento da votação do PL 4330

Os representantes do Comando ainda frisaram a vitória na luta travada contra o Projeto de Lei (PL) 4330 na Câmara dos Deputados. “A mobilização dos bancários foi fundamental na pressão da CUT e das centrais sindicais, que conquistou o adiamento da votação do PL 4330 que, se aprovado, iria precarizar o trabalho e legalizar a terceirização em todas as áreas das empresas, permitindo terceirizar até caixas e gerentes nos bancos, possibilitando a extinção da categoria bancária”, ressalta o dirigente sindical.

Reforma política

Os membros do Comando reafirmaram a importância de uma reforma política para aprofundar a democracia. Uma campanha popular será lançada nesta quarta-feira (27) pela OAB, CNBB, com apoio da CUT, centrais sindicais e várias entidades da sociedade civil.

“Precisamos mudar as regras eleitorais, como o fim do financiamento privado de campanha, e em 2014 temos de eleger candidatos comprometidos com o projeto dos trabalhadores e evitar que iniciativas lesivas à sociedade, como o PL 4330, sejam aprovadas no Congresso Nacional”, aponta Cordeiro.

Planejando 2014

Os dirigentes sindicais não ficaram somente na avaliação da Campanha 2013 e já traçaram os primeiros passos da organização e mobilização da categoria para o ano que vem, olhando para o calendário de atividades dos sindicatos e para a realização da Copa do Mundo no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho.

Para tanto, foi agendada a 16ª Conferência Nacional dos Bancários para os dias 25, 26 e 27 de julho, em São Paulo. Também foi marcado um seminário de planejamento do Comando para os dias 5 e 6 de fevereiro, quando serão definidos outros eventos, como os congressos nacionais dos trabalhadores da Caixa e do Banco do Brasil.

“O ano de 2014 será cheio de agendas importantes, onde precisamos mais do que nunca de ousadia, unidade e mobilização. Com planejamento e estratégia, esperamos organizar muitas lutas para garantir novas vitórias e arrancar mais conquistas para os bancários e a classe trabalhadora, na perspectiva de transformar a sociedade e construir um país mais justo e igualitário”, conclui o presidente da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT com Fetraf-RJ/ES