Em reunião ampliada realizada nos dias 28 e 29 de novembro os dirigentes sindicais do Bradesco discutiram o andamento das negociações com o banco e os principais temas que serão colocados na pauta de reivindicações no próximo ano. O encontro aconteceu em São Paulo.
De modo geral, a avaliação foi de que o Bradesco ainda avança muito lentamente nas discussões com os trabalhadores. “Não temos recebido respostas objetivas para a maioria das nossas reivindicações. A única que tem andado é a do programa de reabilitação profissional, que o banco ficou de apresentar uma proposta. Mas, por exemplo, para o parcelamento de férias, o banco tem mostrado muita resistência”, critica Elaine Cutis, coordenadora da COE. Outra reivindicação que, para Elaine, é o maior exemplo da intransigência do banco é o auxílio-educação. “O Bradesco é o único dos grandes bancos do Brasil que não tem nenhum programa definido para financiamento dos estudos dos funcionários. Os poucos que recebem este auxílio são escolhidos pelo banco, os critérios não são informados”, acrescenta Elaine.
Vitoriosa
Mas esta postura não desanima os trabalhadores, que mantêm a mobilização e a disposição de luta. “O fato mais relevante foi o Encontro Nacional dos Funcionários, que aconteceu no início de abril deste ano. Deste evento surgiram vários debates, como, por exemplo, o tema do “banco do futuro” e a dicotomia entre o lucro do banco e as demissões. Esses debates culminaram em várias propostas que estão sendo negociadas com o banco, como o vale cultura, que acabou sendo conquistado na campanha salarial deste ano”, lembra Claudio Barbosa, representante da Fetraf-RJ/ES na COE.
Quanto às demissões, os representantes dos vários estados levaram um dado curioso: muitas têm acontecido a pedido dos próprios trabalhadores. “Temos visto que há, sim, uma redução dos postos de trabalho e muitas demissões imotivadas, mas também é expressivo o número de bancários que pedem para sair. Isso acontece porque o trabalhador não vê perspectivas de carreira interessantes dentro do banco e prefere buscar oportunidades melhores no mercado”, avalia Elaine.
Esta insatisfação envolve vários fatores, como salários menos interessantes, a falta de remuneração variável e outras restrições. “Por esta resistência do banco em avançar em reivindicações antigas e novas, pauta de reivindicações tem crescido. Por isso, já estamos planejando nossas estratégias para o ano que vem”, anuncia a coordenadora.
Ação
O representante da Fetraf-RJ/ES na COE, Claudio Barbosa, aproveitou o encontro para lembrar que várias empresas do grupo Bradesco foram condenadas no TST a pagar uma indenização de R$ 3 milhões por dano moral coletivo pela contratação irregular de mão de obra. A sentença foi dada em uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho com base em denúncia do Seeb-Rio e da DRT-RJ. O TST confirmou a decisão do tribunal regional de que a contratação de trabalhadores como Pessoa Jurídica ou como funcionários de corretoras para vender seguros e planos de previdência nas agências configurava fraude trabalhista. “Além da condenação por dano moral coletivo o Bradesco foi condenado a registrar todos os contratos de trabalho considerados irregulares e a se abster de contratar trabalhadores para lhe prestar serviços por intermédio de qualquer empresa”, informou Cláudio.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES