Bancários cobram fim do fechamento de agências e demissões no HSBC

Em reunião realizada nesta quarta-feira (02) no Palácio Avenida, em Curitiba, a Contraf-CUT, federações e sindicatos manifestaram a preocupação dos bancários com relação à decisão do HSBC de fechar agências no Brasil. Números preliminares levantados pelas entidades sindicais já apontam cerca de 17 agências encerradas e em torno de 150 trabalhadores já foram desligados em todo o país.

“Estamos muito preocupados com a postura do HSBC de fechar agências no Brasil, ao contrário do que a direção do banco sempre afirma com relação aos investimentos. Num primeiro momento nos parece que a empresa não está levando em conta as situações econômicas favoráveis de cada região, não olha para o lado social e, o que é pior, como fica o futuro das pessoas e o clima entre os trabalhadores diante deste quadro de encerramento de agências?”, questionou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, que participou da reunião.

Pelo HSBC, estiveram presentes o diretor de Recursos Humanos, Juliano Ribeiro Marcilio, e o representante de Relações Sindicais, Eliomar Scheffer.

Protestos de bancários e clientes

Em algumas regiões do país, os bancários já vêm realizando paralisações e protestos contra o fechamento de agências. No último dia 21 de março, o Sindicato dos Bancários de Petrópolis (RJ) fez uma manifestação em frente à agência Posse, único estabelecimento bancário do distrito, depois de o banco ter anunciado que pretende encerrar a dependência.

A mobilização contou com apoio dos funcionários, moradores, imprensa, políticos e empresários da cidade, resultando num abaixo-assinado contendo com 1.221 adesões e reivindicando a manutenção das atividades da agência Posse. O documento foi entregue em mãos ao diretor do banco.

“A noticia do fechamento dessa agência não condiz com o potencial da região e causou grande indignação entre os moradores, que se perguntam como o banco pode simplesmente encerrar uma agência com um histórico de pioneirismo de 35 anos na cidade. Estamos aqui reivindicando que a direção do banco reveja a sua decisão de fechar a agência”, cobrou o presidente do Sindicato dos Bancários de Petrópolis, Luiz Cláudio.

Jorge Papoula, diretor do Seeb-Petrópolis e funcionário do banco, recorda que, da última vez que houve uma onda de fechamento de agências do HSBC, alguns executivos chegaram a criticar o banco. “Lembro de um regional que considerou o fechamento de todas aquelas unidades como um tiro no pé. Com o distrito da Posse em vias de se tornar um pólo industrial importante na região, fechar a agência vai ser outra medida infeliz do banco”, avalia o sindicalista.

Reestruturação em andamento

O diretor de RH do HSBC explicou que o banco passa por uma grande reestruturação mundial já anunciada pela alta direção da empresa. Ele disse que no Brasil muitos executivos foram substituídos, o banco está modificando programas internos, como por exemplo o da remuneração variável, haverá grande investimento tanto em capital como em infra estrutura para os próximos três anos.

Quando questionado se o banco tem plano de encerrar mais agências, Juliano disse não ter todas as informações necessárias para o momento, mas se comprometeu no prazo de uma semana retornar ao movimento sindical um quadro atualizado sobre a situação, bem como ficou de trazer algumas soluções para os problemas das 17 agências apontadas. Ele afirmou ainda a disposição do HSBC em organizar um fórum especifico para dialogar sobre as agências do banco.

Rubens Branquinho, coordenador da COE Interestadual do HSBC, entende que é o momento de esperar a resposta do banco. “Vale a pena aguardarmos o prazo que o banco pediu para podermos definir a estratégia adequada à situação que será apresentada. Paralelamente, é preciso organizar uma mobilização nacional para enfrentamento desta situação, já que houve agências fechadas no país inteiro”, avalia o sindicalista.

Quando questionado sobre a retomada das negociações especificas e o retorno sobre a formalização do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), Juliano disse estar dependendo da substituição do ex-diretor de Relações Sindicais, Antonio Carlos, que se se aposentou.

Bancários exigem proteção ao emprego

Ao final da reunião, os dirigentes sindicais cobraram a importância de continuar tratando como prioridade a questão do fechamento de agências, independente de decisões que digam respeito às mudanças de diretores ou programas internos do banco.

“É visível o impacto negativo causado pela extinção de agencias do banco, chega a ser desumano, pois sabemos que, havendo boa vontade e disposição da empresa, poderá sim, quando não houver outra solução, reaproveitar as pessoas dentro da empresa”, defendeu Elias Hennemann Jordao, presidente da Fetec-CUT/PR.

Responsabilidade

O HSBC vem encerrando agências há muitos meses, como consequência de um escândalo de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas que ocorreu nos EUA. A primeira medida do banco no Brasil foi encerrar as unidades nas cidades de fronteira, como foi o caso do município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que fica próximo à tríplice fronteira com Paraguai e Bolívia. Apesar da importância econômica da cidade, que tem um importante porto fluvial, o banco britânico fechou sua única agência em Corumbá em meados de 2013.

Os sindicalistas questionam esta facilidade de simplesmente abandonar uma região, fechando unidades sem autorização prévia. “Os bancos devem manter agências, independente dos resultados obtidos e de outras circunstâncias, porque se trata de serviço público. Se os bancos são concessões públicas, é preciso que cumpram seu papel social, oferecendo o serviço à população”, pondera Rubens Branquinho.

O sindicalista informa que já está sendo articulada a realização de uma audiência pública na Alerj para discutir o fechamento das agências no estado – foram ao todo cinco. Rubens adianta, também, que a Fetraf-RJ/ES vai enviar uma correspondência à COE nacional do HSBC sugerindo que os sindicatos das regiões onde houve fechamento de agências procurem também o legislativo estadual para intervir no processo de encerramento de unidades do HSBC.

Fonte: Federação, com Contraf-CUT