Durante os dias 25, 26 e 27 de junho 634 delegados e observadores representaram os bancários de todo o país no evento que construiu a pauta de reivindicações da categoria para a Campanha Nacional de 2014. Os temas de maior apelo para a categoria – remuneração, emprego, condições de trabalho e segurança – foram discutidos em grupos de trabalho que resultaram em propostas, algumas levadas à plenária geral, e todos vão entrar na minuta que será entregue aos banqueiros.
Os bancários vão reivindicar um índice de 12,5 % e aumento da PLR. a categoria também vai insistir na política de valorização do piso salarial, reivindicando que o valor seja de R$ 2.979,25, equivalente ao salário mínimo necessário, calculado pelo Dieese para junho/2014. Os tíquetes, a 13ª cesta e o auxilio creche/babá reivindicados são de R$ 724, valor do salário mínimo nacional.
Também foram discutidos os temas ligados a emprego e condições de trabalho. As demissões, com alta rotatividade e encerramento de postos de trabalho, as metas abusivas e o assédio moral e a perseguição aos bancários que participam das greves foram duramente criticados. “Sempre que acaba nossa campanha salarial, os bancos privados demitem em massa e os bancos públicos fazem ameaças, como o Banco do Brasil, que usa o descomissionamento como instrumento de retaliação contra os trabalhadores que participam das greves. Temos de lutar e derrotar estas práticas dos patrões”, lembrou o presidente eleito e representante da Fetraf-RJ/ES no Comando Nacional, Nilton Damião Esperança.
Um tema que mobilizou os delegados e delegadas foi o combate à precarização do trabalho e a defesa do texto constitucional sobre este tema. A ameaça da terceirização, que ainda não foi definitivamente afastada no Congresso, se reforça com a avaliação de um processo sobre o tema no Supremo Tribunal Federal. Foi aprovada no evento a Carta de Atibaia (veja íntegra aqui), que trata do tema.
De acordo com os painéis de análise de conjuntura apresentados para embasar os debates, os bancos têm condições de atender às reivindicações dos trabalhadores. Ao contrário do que o alarmismo da mídia demonstra, a economia está estável, com inflação controlada e boa avaliação internacional. Prova disso é que os lucros dos bancos voltaram a crescer, registrando, no primeiro trimestre de 2014, aumento de 15 % em relação ao mesmo período do ano anterior.
A conferência foi bem avaliada pelos sindicalistas, como analisou Nilton Damiao Esperança. “Destaco e parabenizo a Coordenação da 16ª conferência pela escolha dos painéis e pela qualidade das discussões tanto nos grupos quanto na plenária geral, respeitando a todo momento as opiniões divergentes com total transparência nas votações”, destacou o sindicalista. O desafio dos dirigentes e dos bancários de base de todo o país é com a construção da Campanha Nacional. “Agora temos um compromisso com a unidade para uma campanha vitoriosa. Unidos, somos fortes”, exorta o presidente eleito da Fetraf-RJ/ES.
Outros temas
Além das questões trabalhistas e corporativas, a conferência também teve espaço para discutir assuntos importantes para a classe trabalhadora e para a sociedade como um todo, como a reforma política, o esclarecimento das perseguições, torturas e assassinatos cometidos pelo Estado durante a ditadura, o terrorismo econômico praticado pelo Santander e as eleições de outubro.
Entre os temas de interesse social, um dos de maior repercussão foi o apoio à reeleição da presidenta Dilma Roussef. Os sindicalistas destacaram que, diante da polarização da campanha eleitoral, o fundamental é impedir que o projeto neoliberal saia vitorioso, apoiando a continuidade do programa progressista que vem gerando estabilidade econômica e redução das desigualdades sociais.
Outro assunto que mereceu destaque foi a reforma política. O presidente da CUT, o bancário Vagner Freitas, destacou que a realização do plebiscito popular por uma constituinte exclusiva para a reforma política – marcado para a semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro – é fundamental para o avanço da democracia no país. Vagner lembrou que a reforma politica foi proposta pela presidenta Dilma Roussef em resposta às mobilizações de junho de 2013, mas foi derrubada no Congresso pela ala conservadora. “O Congresso Nacional não tem interesse algum em avançar nesse debate. Por isso, decidimos encampar esse plebiscito e vamos realizá-lo em meio à luta do dia-a-dia”, destacou o sindicalista. O presidente da CUT também recomendou que os sindicatos se engajem nesta luta, mesmo com a dificuldade de conciliar as atividades com a mobilização da Campanha Nacional. (veja aqui entrevista com Vagner Freitas)
O trabalho de resgate histórico das perseguições, torturas, assassinatos e desaparecimentos promovidos pelos militares durante a ditadura também teve papel de destaque. O deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão da Verdade da Alesp, e a jornalista Rose Nogueira, coordenadora do Tortura Nunca Mais-SP apresentaram o painel Em defesa da Democracia – Tortura Nunca Mais, do qual participou também a ex-presidenta do Seeb-Rio Fernanda Carisio, que deu um depoimento sobre sua prisão em 1977. O Sindicato dos Bancários de Guarulhos ofereceu a apresentação da peça teatral “Tito – É melhor morrer do que perder a vida”, encenada pelo grupo Teatro do Botoquipariu. O espetáculo mostra a trajetória do dominicano Frei Tito, de sua prisão e tortura até o suicídio motivado por sequelas emocionais dos maus-tratos a que foi submetido nas dependências do Doi-Codi.
A plenária também aprovou moções de repúdio ao terrorismo econômico-eleitoral promovido pelo Santander, de apoio ao aumento do número de empregados da Caixa, de repúdio às demissões dos metroviários de São Paulo, de apoio à greve dos professores da USP, de repúdio à criminalização dos movimentos sociais e ao assassinato em massa do povo palestino.
Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Rede de Comunicação dos Bancários