Fenaban sobe para 7,35 % , Comando acha pouco e reforça a greve na terça

Na oitava rodada de negociação da Campanha 2014, realizada neste sábado, 27, em São Paulo depois de as assembleias massivas em todo o país terem decretado greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira 30, a Fenaban apresentou uma nova proposta, que o Comando Nacional dos Bancários já considerou insuficiente, elevando o índice de reajuste de 7 % para 7,35 % (0,94 % de aumento real) para os salários e demais verbas salariais e de 7,5 % para 8 % (1,55 % acima da inflação) para os pisos. Além disso, a proposta ignora completamente as reivindicações sobre emprego, condições de trabalho, principalmente metas abusivas e assédio moral, segurança e igualdade de oportunidades.

“Essa proposta precisa melhorar frente aos lucros dos bancos. Ela continua sendo insuficiente, não somente na parte econômica, mas também porque não traz nada sobre garantia de emprego, combate às metas abusivas e ao assédio moral, segurança bancária e igualdade. Mais uma vez deixamos claro na mesa de negociação de que não faremos acordo sem que sejam contempladas soluções para as metas e o assédio”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. A nova proposta, mais uma vez, frustrou a expectativa gerada pelos próprios banqueiros. “Após falarem, desde a entrega da minuta, que queriam resolver a campanha na mesa, apresentaram uma proposta muito aquém das expectativas, sem avanços nas cláusulas sociais, e um índice insuficiente”, critica Nilton Damião Esperança, presidente e representante da Fetraf-RJ/ES no Comando Nacional.

Diante disso, o Comando mantém o calendário aprovado anteriormente e a greve por tempo indeterminado a partir da terça-feira 30 aprovada pelas assembleias do dia 25. “Nós bancários sabemos que nossa força é a unidade nacional e a nossa capacidade de mobilização. Agora é hora de estreitar essa unidade e intensificar a mobilização, de lotarmos as assembleias da segunda-feira 29 e fazermos uma grande greve para pressionar os bancos a apresentarem uma nova proposta que contemple nossas reivindicações”, acrescenta Cordeiro.

Nilton Damião Esperança ressalta que o movimento grevista é motivado pelos patrões. “Gostaria de lembrar que quem faz a greve são os banqueiros, mas quem pode diminuir o tempo e fazer com que eles apresentem uma proposta decente somos nós, com nossa mobilização. Vamos à luta e, com certeza, num tempo mais curto, arrancaremos uma nova proposta”, convoca o sindicalista.

Atos em frente ao Banco Central no dia 2

O Comando Nacional também orienta os sindicatos a reforçarem a realização das manifestações em frente à sede e às representações do Banco Central em todo o país na próxima quinta-feira, dia 2 de outubro, para protestar contra as propostas de independência do BC e para defender o fortalecimento do papel dos bancos públicos, dois temas que estão no centro do debate eleitoral e sobre os quais a categoria tem posição histórica definida em seus fóruns nacionais.

Com sede em Brasília, o Banco Central tem representações em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belém.

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro já informou que vai realizar o ato em frente à representação do Bacen no Estado. O horário e demais detalhes serão divulgados mais à frente.

A independência do BC e a limitação da atuação dos bancos públicos estão explicitados no programa de governo da candidata Marina Silva, coordenado pela herdeira do Itaú, Maria Alice Setúbal, e vêm sendo defendidos pelos principais assessores econômicos de Aécio Neves. São bandeiras dos bancos privados e da Fenaban, que se chocam frontalmente com as posições que os bancários têm defendido historicamente em suas conferências nacionais e nos congressos da Contraf-CUT.

“O Banco Central já desfruta hoje de autonomia excessiva e de aproximação promíscua com o mercado financeiro, a ponto de impor sucessivos aumentos da taxa Selic para satisfazer os bancos e os rentistas, mesmo contra a vontade do governo e da sociedade”, critica Carlos Cordeiro. “A independência formal do BC significa entregar a condução da política macroeconômica do país ao mercado financeiro, roubando essa atribuição constitucional dos governos democraticamente eleitos pela população”, completa Cordeiro.

Para o Comando, é importante também intensificar a campanha contra a ideia de redução do papel dos bancos públicos e fazer essa discussão com a sociedade. “São abundantes os exemplos recentes da importância das instituições financeiras públicas para o desenvolvimento econômico e social do país”, constata Carlos Cordeiro.

A nova proposta econômica dos bancos


 


Reajuste de 7,35 % (0,94 % de aumento real)


Piso portaria após 90 dias – 1.240,89 (8 % ou 1,55 % de aumento real)


Piso escritório após 90 dias – R$ 1.779,97 (1,55 % acima da inflação)


Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.403,60 (salário mais gratificação mais outras verbas de caixa), significando 1,55 % de aumento real)


PLR regra básica – 90 % do salário mais R$ 1.818,51, limitado a R$ 9.755,42. Se o total ficar abaixo de 5 % do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 21.461,91


PLR parcela adicional – 2,2 % do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.637,02

Antecipação da PLR


Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva e a segunda até 2 de março de 2015


Regra básica – 54 % do salário mais fixo de R$ 1.091,11, limitado a R$ 5.853,25 e ao teto de 12,8 % do lucro líquido – o que ocorrer primeiro


Parcela adicional – 2,2 % do lucro líquido do primeiro semestre de 2014, limitado a R$ 1.818,51

Auxílio-refeição – R$ 24,88


Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 426,60


Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 355,02


Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 303,70


Gratificação de compensador de cheques – R$ 137,97


Requalificação profissional – R$ 1.214,00


Auxílio-funeral – R$ 814,57


Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 121.468,95


Ajuda deslocamento noturno – R$ 85,03

Calendário

Setembro


29 – Assembleia para organização da paralisação


30 – Greve nacional por tempo indeterminado

Outubro


1º e 2 – Quarta rodada de negociação específica com o Banrisul


2 – Manifestações em frente aos prédios do Banco Central, em defesa de um BC independente do mercado financeiro

Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Contraf-CUT