Em debate realizado na noite da última sexta-feira, 27, na Câmara dos vereadores, entidades associativas dos funcionários, sindicalistas e sociedade discutiram a importância de manter a Caixa 100 % pública. O evento foi convocado pelo vereador Reimont (PT) e aconteceu no plenário da casa.
Houve várias falas políticas, todas destacando a importância do banco para o povo brasileiro e para o desenvolvimento do país. “A Caixa sempre teve o tamanho que o Brasil precisou que ela tivesse. Hoje, a cada três brasileiros, um tem conta na Caixa”, destacou Clotário Cardoso, vice-presidente da Fenae. A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso, que é funcionária de banco privado, falou da importância da Caixa regular o mercado. “Temos um sistema financeiro altamente concentrado e a existência de um banco 100 por cento público e forte é fundamental para equilibrá-lo”, destacou.
O representante da Pastoral das Favelas, Luiz Severino da Silva, falou principalmente do Minha Casa, Minha Vida, um dos programas sociais do governo federal geridos pela Caixa. Ele destacou que o programa tem muitos problemas e que não foi capaz de reduzir o déficit habitacional no Rio de Janeiro, que chegou a aumentar e hoje está em 300 mil moradias. “Se as favelas tivessem sido urbanizadas e não removidas para apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, o programa teria reduzido este déficit, já que os imóveis seriam ocupados por quem ainda não tem casa”, criticou. Silva também informou que os moradores dos conjuntos habitacionais populares do MCMV apresentam reclamações sobre a qualidade do material empregado pelas empreiteiras contratadas para construir as unidades. “Mas, se a Caixa não fosse um banco público, não teríamos como fiscalizar e criticar o programa, lutar para que ele melhore e passe a atender às necessidades da população”, argumentou.
Uma apresentação feita pelo técnico da Subsessão do Dieese na Fenae, Felipe Miranda, acrescentou mais um bom argumento pela manutenção da Caixa 100 % pública: baixo custo. “Usando a estrutura da Caixa para gerir os programas sociais, o governo federal gasta 10 % do que gastaria se fosse geri-los diretamente. Por exemplo, se o Ministério das Cidades fosse diretamente responsável pelo Minha Casa, Minha Vida, teria que montar estrutura no país todo, e isso custaria muito mais”, destacou o economista.
Social
Os números da apresentação são impressionantes. Segundo estudos do Ipea, cada R$ 1 repassado através do Bolsa Família aumenta o consumo das famílias beneficiadas em R$ 2,40. “Este é o efeito multiplicador do programa”, esclareceu Felipe Miranda. O Bolsa Família foi um dos principais responsáveis pela saída do Brasil do Mapa da Fome, elaborado pela FAO-ONU, ao lado da política de valorização do salário-mínimo e outas medidas adotadas pelo governo federal. As críticas ao alto custo do programa também foram rechaçadas, com a comparação entre as fortunas privadas e a verba destinada ao PBF. “A riqueza das 15 famílias mais ricas do país paga quase duas vezes todo o montante investido nos primeiros dez anos do Bolsa Família”, destacou Miranda.
Mas, segundo a pesquisa feita pelo técnico, a Caixa não trabalha de graça para o governo. Somente em 2014, estes serviços responderam por 32,5 % das receitas da empresa, chegando ao montante de R$ 5,98 bilhões. Além disso, a Caixa já atingiu 100 % dos municípios brasileiros, através de agências, postos de atendimento e correspondentes bancários credenciados. É o banco com o maior crescimento percentual do país – e, não por acaso, o único que, ao contrário de todos os outros, criou postos de trabalho ao invés de eliminá-los. Foram 3.286 novos empregos gerados somente no ano de 2014. Hoje, a Caixa é a maior empresa do sistema financeiro em número de clientes, com cerca de 78,3 milhões de contas, sendo que, somente entre 2013 e 2014, foram mais de 6,5 milhões de novos correntistas e poupadores.
Outra contribuição social importante da Caixa é feita através da gestão do sistema de loterias. A seguridade social, o Comitê Olímpico Brasileiro e diversas iniciativas ligadas ao esporte, o financiamento da educação superior através do FIES, entre outros, recebem uma fatia da receita das diversas modalidades de jogos e apostas. Somente em 2014, dos R$ 13,5 bilhões arrecadados pelo sistema, R$ 5,2 bilhões tiveram destinação social.
Investimentos no país
O montante que a caixa injeta na economia também é impressionante. Entre contratações de crédito, distribuição de benefícios sociais, investimentos em infraestrutura própria, remuneração de pessoal e a destinação social das loterias, entre outras fontes, a empresa injetou, somente em 2014, R$ 689,6 bilhões, o correspondente a 13,4 % do PIB do país. Somente no que diz respeito ao crédito, a Caixa tem o maior crescimento acumulado entre 2008 e 2014, chegando a 489,29 % , com um crescimento de participação no mercado de 5,9 % para 19,82 % , passando da 4ª para a 2ª posição e apresentando também o maior crescimento médio.
Com tamanho crescimento no segmento de crédito, a Caixa, ao lado do BB, foi responsável por manter a economia funcionando quando o mundo inteiro mergulhou numa crise global de proporções e consequências gravíssimas. Na apresentação preparada pelo técnico Felipe Miranda, há um argumento contundente para a manutenção da Caixa pública: os países que não tinham instituições financeiras estatais fortes foram os mais atingidos pela crise. Diante da quebradeira de bancos que se seguiu, os governos destes países adotaram dois procedimentos: socorro a 33 bancos “vítimas da crise” e nacionalização de instituições financeiras. Os EUA gastaram com a nacionalização 700 bilhões de dólares. Na Alemanha, o gasto foi de 500 bilhões de Euros e, na França, de 360 bilhões de Euros.
Para o diretor de Bancos Federais da Fetraf-RJ/ES e funcionário da Caixa Ricardo Maggi, estes argumentos são mais que suficientes para manter a Caixa 100 % pública. “A Caixa não é somente um banco múltiplo, é um agente de desenvolvimento e um agente de Estado. Não se retira da esfera pública uma empresa que faz mais pelo país do que qualquer outra do seu segmento. A Caixa não só garante o crescimento da economia, mas também promove, como vimos, a inclusão bancária e o acesso a benefícios sociais, emprega mais de cem mil funcionários e é uma das que mais contrata no país”, defende o dirigente. O sindicalista ressalta também que nenhuma outra empresa ou órgão tem a expertise da Caixa na gestão dos programas sociais. “O Brasil precisa da Caixa, e precisa que ela seja 100 % pública para que continue prestando os serviços que nenhum outro banco poderia prestar”, conclui o dirigente.
Estiveram presentes ao evento, além dos já citados e diversos dirigentes sindicais bancários do Seeb-Rio e da Fetraf-RJ/ES, representantes da UNEI, da Apcef-Rio, Associação Nacional dos Engenheiros e Arquitetos da Caixa, Asas-BNH, Apacef-Rio, Movimento Nacional de Oposição Bancária, DCE da UERJ e o secretário de Desenvolvimento Econômico e Solidário do Rio de Janeiro, Vinícius Assumpção.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES