A família, o Flamengo e o PT
Antônio de Neiva Moreira Neto – Neiva, como era conhecido – faleceu no último domingo, 24, em consequência do agravamento de um quadro de pneumonia. Fundador do PT no Rio de Janeiro, sempre foi reconhecido como um dos maiores quadros do partido. Mesmo cumprindo seus compromissos políticos, não abria mão da dedicação à família e era fanático torcedor do Flamengo.
Nascido no Rio de Janeiro em 1949, foi viver no Maranhão ainda menino. De lá, seguiu para Brasília em 1968, para cursar Engenharia na UnB. Já militante do movimento estudantil, foi preso naquele mesmo ano. Na época, militava na Ala Vermelha, uma dissidência clandestina do PCdoB. Em 1971 foi preso novamente, em São Paulo, e solto em 1972.
Depois de libertado, voltou para o Rio de Janeiro e foi cursar Economia na UFRJ, onde concluiu graduação e mestrado. Pela mesma época começou a sua militância de bastidores, participando, desde então, das equipes de coordenação de campanhas de Lysâneas Maciel (deputado federal, 1974), Antônio Carlos “Tunico” (vereador, 1976) e Raimundo Oliveira (deputado estadual, 1978), todos do MDB.
Neiva participou da organização do PT no Rio de Janeiro e participou de várias eleições, coordenando campanhas e sempre atuando nos bastidores. Nunca disputou um cargo eletivo e só ocupou posições em governos em duas ocasiões: como Secretário de Organização Política da prefeitura de Nova Iguaçu, na gestão de Lindberg Farias, e, mais tarde, como assessor de Lindberg no Senado.
Neiva será lembrado como articulador e conciliador. Manteve amizades por décadas, mesmo após divergências políticas. No ato político que se seguiu ao seu velório, estiveram presentes alguns dos maiores quadros da esquerda brasileira. Nos últimos meses articulava a formação de uma frente de esquerda no estado, reunindo diversos partidos e quadros que estavam afastados. Mesmo seus adversários reconheciam suas qualidades políticas e humanas. Foi a primeira visita recebida por Zé Dirceu no presídio da Papuda e também o primeiro a visitá-lo após sua pena ser comutada para prisão domiciliar.
Além de um grande quadro político, Neiva também era um grande boêmio. Assíduo frequentador dos mais tradicionais bares do centro do Rio, após algumas doses seu alter-ego,
Neivis, assumia o comando. Torcedor fanático do Flamengo, era figura fácil nos jogos do time, no Maracanã ou em qualquer outro lugar. Mesmo durante reuniões políticas importantes, acompanhava as partidas por um radinho de pilha.
Aliados e adversários ressaltam sua palavra firme, que não voltava atrás. Os amigos destacam sua imensa generosidade, seu espírito solidário, seu acolhimento fraterno. A família – 4 filhos, 5 netos – lembram o pai e avô amoroso e sempre presente.
Neiva será homenageado pelo MST, que já anunciou que o próximo assentamento será batizado com seu nome.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES