Bancários de agência assaltada recebem apoio psicológico

A diretora da secretaria de Políticas Sociais da Fetraf-RJ/ES, Adilma Nunes, visitou a agência do Bradesco de Vicente de Carvalho que foi assaltada na semana passada para oferecer apoio aos bancários. Psicóloga clínica de formação, além de bancária do Bradesco, Adilma participou de uma dinâmica de grupo com os colegas, oferecendo apoio e orientando quanto à maneira de lidar com o trauma sofrido.

A unidade sofreu uma tentativa de assalto no último dia 1º e o desfecho foi trágico. Houve troca de tiros e um dos vigilantes da agência foi morto, junto com um assaltante. Os corpos de ambos permaneceram no local durante toda a ação, que durou cerca de três horas, e só foram retirados no dia seguinte. A visão era especialmente aterradora porque o assaltante havia rendido o vigilante e lhe aplicado uma “gravata” para imobilizá-lo e, como foram mortos praticamente ao mesmo tempo, os dois caíram enlaçados e assim faleceram.

No dia seguinte ao assalto, até mesmo em função da demora na remoção dos corpos, a agência não funcionou. Mas o Bradesco queria que todos os funcionários reassumissem suas funções o quanto antes. No segundo dia depois da ocorrência, sexta-feira, 03, dirigentes sindicais chegaram à agência logo após a abertura, mas constataram que os funcionários não tinham condições emocionais de trabalhar. O banco chegou a contratar a consultoria de uma psicóloga para conversar com os bancários e emitir laudos, mas a Fetraf-RJ/ES e o Seeb-Rio decidiram intervir para evitar que os trabalhadores se sentissem obrigados a reassumir suas tarefas. Ao conversar com os funcionários da agência assaltada¸ Adilma Nunes constatou que ninguém tinha condições de voltar ao trabalho. “Quando comecei a falar sobre o luto e o trauma que haviam sofrido, todos começaram a chorar. Foi realmente um momento muito difícil, não só pela tensão do assalto e do tiroteio, mas pelas mortes que aconteceram no local”, relata Adilma.

A sindicalista destacou, no encontro com os bancários, que é preciso respeitar o tempo de cada pessoa e que a pressa em reassumir as funções não é necessariamente demonstração de força ou de cura. “Cada um reage de um jeito, uns levam mais tempo que outros para se recuperar de um evento traumático. E isso não quer dizer que ninguém é melhor que ninguém. E, às vezes, a pessoa parece curada, mas não está, e aparecem outros sintomas que nem sempre são associados ao evento”, pontuou a sindicalista.

Após a conversa com Adilma e os demais dirigentes, os funcionários acabaram dispensados. A unidade funcionou, mas com bancários deslocados de outras agências. Somente na segunda-feira, dia 06, a agência voltou a abrir com seu próprio corpo funcional.

Mesmo diante da gravidade da situação que ocorreu na unidade, o Bradesco se recusa a emitir CAT para os bancários que presenciaram a tentativa de assalto, o tiroteio e a morte de duas pessoas. O Seeb-Rio pode emitir o documento, que funciona como um registro do ocorrido junto ao INSS e garante benefícios previdenciários aos bancários que venham a desenvolver qualquer transtorno mental em função do trauma. “Para que o sindicato emita a CAT, é preciso que os bancários obtenham um laudo fornecido por psiquiatra e a cópia do registro da ocorrência policial”, informa Marcelo Pereira, diretor do Seeb-Rio.


 


A Fetraf-RJ/ES e Adilma Nunes se colocam à disposição dos sindicatos filiados para a prestação de apoio psicológico a bancários que sofram acidentes desta natureza.


 


Modalidades


 


Além da volta dos assaltos a agências em funcionamento, a região metropolitana do Rio de Janeiro assiste ao avanço dos ataques a caixas eletrônicos. Desde retroescavadeiras até explosivos, alguns de uso militar, têm sido usados por quadrilhas de assaltantes para violar os equipamentos e retirar o dinheiro.


 


Na madrugada do último domingo foram duas ocorrências com explosivos, uma em Campo Grande, na Zona Oeste, outra em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No primeiro, foi usada uma granada para explodir o ATM, destruindo a padaria onde o equipamento estava instalado e causando um prejuízo estimado em pelo menos R$ 200 mil. Em Caxias foi usado dinamite, mas a carga, embora tenha danificado o caixa, não foi suficiente para romper o cofre. Dias antes, na sexta-feira, outro caixa eletrônico foi explodido na Estrada da Posse, também em Campo Grande.


 


Cerca de um mês atrás, no início de junho, outros ataques contaram com o uso de retroescavadeiras, usadas para remover os ATMs. Um dos equipamentos atacados fica dentro de um supermercado em Turiaçu, Zona Norte, e o outro em Vicente de Carvalho. No início de maio houve outra ocorrência semelhante em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O caixa chegou a ser levado, mas o homem que conduzia a retroescavadeira acabou preso, e o equipamento, apreendido. No dia seguinte, uma locadora no bairro da Pavuna, na Zona Norte, foi arrombada e o caixa eletrônico que nela havia foi levado, também com uso de uma retroescavadeira.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES