Em reunião no último dia 14, os integrantes da Comissão de Gênero, Raça, Orientação Sexual e Deficiência – CGROS da Contraf-CUT definiram a estratégia e os planos para o segundo semestre de 2015.
A principal decisão tomada pelos integrantes foi a de solicitar à Fenaban os dados brutos do II Censo da Diversidade, realizado em 2014. “Embora a Febraban tenha, conforme acordado, feito a pesquisa, os dados apresentados foram muito superficiais e não permitem perceber algumas situações. Por isso queremos os dados brutos, que, certamente, comprovam a desigualdade e a discriminação que ocorrem no sistema financeiro”, esclarece Fabiano Júnior, diretor da Secretaria de Políticas Sociais da Contraf-CUT e coordenador da CGROS.
Desigualdade
Ainda que superficial, o Censo da Diversidade confirmou algumas suspeitas dos sindicalistas. Somente 3,6 % dos bancários têm algum tipo de deficiência, abaixo da cota de 5 % exigida pela legislação. “E este número ainda inclui os bancários que foram afastados e passaram pelo programa de reabilitação do INSS, o que quer dizer que os bancos contratam ainda menos pessoas com deficiência do que deveriam”, acrescenta Fabiano Júnior.
Os dados da participação de afrodescendentes também são alarmantes. Eles são apenas 24 % dos bancários, sendo que somente 2,3 % deste total têm a pele negra e os demais são pardos. “No primeiro Censo ficou demonstrado que as mulheres negras eram apenas 8 % da categoria. No censo de 2014 este dado nem sequer foi apresentado”, critica o dirigente.
O censo também não detalhou a situação das mulheres, o que dificulta a proposição de medidas de combate à discriminação. “Precisamos dos dados brutos para verificar se as mulheres já estão ganhando o mesmo que os homens, se têm as mesmas oportunidades de progressão na carreira e quanto tempo levam para atingir as promoções almejadas”, esclarece Fabiano. O dirigente informou, ainda, que a criação de PCS nos bancos tornaria esta discriminação mais difícil, permitindo maior igualdade de oportunidades para os bancários e bancárias.
A questão da orientação sexual, que não chegou a ser abordada na edição anterior do Censo da Diversidade, também não foi aprofundada. É importante ressaltar, no entanto, que menos de 40 % dos bancários e bancárias homoafetivos que estão em relação conjugal estável ou casados solicitaram os benefícios para o/a companheiro/a. A Febraban considerou baixa a rejeição ao tema, com base no percentual de 12,4 % de bancários e bancárias que não responderam às questões sobre orientação sexual. Mas este resultado pode não expressar corretamente a situação, já que a mecânica do censo exigia a identificação do bancário ou bancária para iniciar a aplicação do questionário.
Ações
Além de avaliar os relatórios da atuação da CGROS na gestão anterior, os integrantes da comissão definiram algumas ações futuras a serem implementadas. A primeira delas é traçar um perfil dos dirigentes sindicais, considerando gênero, raça, orientação sexual e presença de deficiência. “Vamos fazer uma pesquisa individual durante a Conferência Nacional, incluindo os questionários no material que os delegados vão receber no ato do credenciamento. E, depois, vamos enviar a pesquisa para os sindicatos e federações de todo o país, para que cada entidade forneça dados detalhados de seus diretores”, anuncia Fabiano Júnior.
A CGOS também pretende realizar visitas às federações de todo o país para aprofundar os debates nos estados e estimular a maior participação dos dirigentes nas discussões sobre a temática. A Comissão vai, ainda, fomentar a criação de Secretarias de Políticas Sociais em todas as entidades que ainda não têm a pasta.
Eventos e encontros
Foi definido que a CGROS deverá realizar a terceira edição do Fórum de Visibilidade Negra. Outro evento que está nos planos da comissão é um seminário sobre Gênero Raça, Orientação Sexual e Deficiência, que terá o lançamento do Caderno de Igualdade de Oportunidades e buscará a participação de entidades como a OAB, a OIT, o IBGE, o IPEA e o MPT. Os dois eventos ainda não têm data definida para serem realizados, mas deverão acontecer após a Campanha Salarial.
Outra decisão dos integrantes foi a periodicidade dos encontros. Serão realizadas seis reuniões ordinárias anuais, mais reuniões extraordinárias antes das mesas de Igualdade de Oportunidades. Este planejamento será cumprido a partir de 2016.
Estiveram presentes à reunião do dia 14 Iracini da Veiga, da Fetraf-RJ/ES; Crislaine Bertazzim da Fetec-SP; Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Júlio Santos, do Seeb-SP; Neil Emídio Junior, representando a Fetec-PR; e Elaine Cutis Gonçalvesm Secretária da Mulher da Contraf-CUT.
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Reunião com Febrabam de igualdade de oportunidades não obtém avançosFonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES