Em anúncio oficial da compra do HSBC, feito em teleconferência realizada na manhã desta segunda-feira, 03, o Bradesco falou vagamente sobre os funcionários. O banco brasileiro comprou do britânico as operações de varejo, de atacado e a área de corporate sales – derivativos e câmbio – por um valor acima do estimado. O HSBC foi anunciado por US$ 4,1 bilhões e o Bradesco fechou negócio por US$ 5,2 bilhões – ou aproximadamente R$ 17,6 bilhões, pela cotação da última sexta-feira.
Durante o comunicado, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, informou que vai manter os clientes e as agências, mas não falou sobre os empregados. Questionado durante a teleconferência, Trabuco se limitou a dizer que uma operação desta monta não se faz “olhando o corte de agências ou previsão de funcionários” e que o objetivo da compra é aumentar a eficiência e a competição no mercado.
Defesa do emprego
O HSBC tinha no final de 2014 cerca de 21 mil funcionários, enquanto o Bradesco tem quase 94 mil. Os empregados do banco britânico já estavam apreensivos quando a empresa foi colocada à venda e agora temem por seus empregos. “A hora é de muita organização e mobilização. Passaremos por um processo dramático nos próximos meses, sobretudo nas maiores concentrações, com destaque para Curitiba. Temos que pressionar os órgãos regulatórios, o governo e o Bradesco em defesa do emprego”, prevê Rubens Branquinho, representante da Fetraf-RJ/ES na COE/HSBC. Para o dirigente, o trabalho na comissão de empregados será fundamental neste processo. “A incorporação dos dirigentes do HSBC à COE do Bradesco será um movimento estratégico, já que as futuras demissões não ficarão restritas ao banco que foi adquirido, devendo atingir as duas instituições”, pondera o sindicalista.
Diante deste quadro, os bancários esperam que a campanha salarial, que está começando, será muito dura. “Teremos que priorizar a luta por emprego nesta campanha. Emprego é palavra chave”, considera Rubens Branquinho.
A Contraf-CUT já agendou reunião com as direções dos dois bancos para tratar da fusão e seus impactos sobre os empregados.
Pata de elefante
A princípio, o HSBC pretendia vender somente as operações de varejo, mas o Bradesco exigiu mais segmentos. A princípio os ingleses ficaram em dúvida e chegaram a manter na disputa o Santander, que também se mostrou interessado no negócio. Com o poder de barganha de um banco imenso, ainda que nacional, o Bradesco falou grosso e conseguiu arrematar mais dois segmentos, abocanhando os 2,25 % de participação de mercado do HSBC.
Com a compra do HSBC, o Bradesco e encosta no seu principal concorrente, o Itaú. Os dois bancos vinham disputando a dianteira entre os bancos privados até que o Itaú comprou o Nacional, em novembro de 2008, e se tornou o líder absoluto. O HSBC já informou também que pretende reformular toda sua participação no Brasil, focando no atacado.
Nota da Contraf-CUT:
As direções do Bradesco e do HSBC já fizeram contato com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) para tratar da transação entre as duas instituições. A Contraf-CUT solicitou uma reunião com os dois bancos amanhã cedo, terça-feira 3, para discutir a questão dos empregos.
“A transação nos surpreendeu pela quantia envolvida. Se o banco tem um valor acima do esperado é porque seus trabalhadores possuem muita qualidade. São eles que fazem o trabalho na instituição. Isso ajuda muito a negociação, no momento, pela manutenção dos postos de trabalho”, afirmou o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten.
A Contraf-CUT, ressaltou Roberto, vai continuar, como sempre esteve durante todo o processo, muito preocupada com a luta pela defesa dos empregos.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES