Uma proposta rebaixada de 5,5% — 4 pontos percentuais abaixo da inflação – foi o que os banqueiros apresentaram na mesa de negociação da manhã desta sexta-feira, 25. Este índice seria usado para reajustar os salários, os tíquetes, a parte fixa da PLR e o auxílio-creche. Como compensação por este reajuste rebaixado, os patrões propuseram o pagamento de um abono de R$ 2.500, linear, para todos os bancários. O Comando Nacional já adiantou à Fenaban que a proposta é inaceitável e que os sindicatos de todo o país vão recomendar, nas assembleias, a rejeição.
O presidente da Fetraf-RJ/ES e representante da base no Comando Nacional, Nilton Damião Esperança, considerou a proposta provocativa. “Além do sistema financeiro ter voltado a apresentar lucros altíssimos, os juros que os bancos praticam estão batendo a casa dos 400%. Já a inflação até 1º de setembro, que é a nossa data-base, ficou em 9,88%. Querer reajustar o salário dos trabalhadores muito abaixo da inflação mesmo com este desempenho e estas taxas é pura provocação”, protesta o sindicalista.
A justificativa da federação patronal para esta proposta é ainda mais estapafúrdia. “Magnus (Apostólico, negociador da Fenaban) disse que a previsão do mercado é que o governo consiga colocar a inflação dentro da meta até o final do ano e que temos que pensar na inflação futura. Isso não tem o menor cabimento! O reajuste é uma recomposição do salário do trabalhador que teve perda do poder de compra desde o último aumento. É uma coisa que olha para o passado, não para frente. Considerar a inflação futura para reajustar salários de um ano atrás não faz o menor sentido”, critica Nilton Damião.
Ilusório e desastroso
Outra questão que Nilton ressalta é a armadilha que representa o abono oferecido pelos patrões. “Eles estão apostando que os bancários vão ter uma avaliação imediatista e aceitar o reajuste rebaixado pensando no abono. Mas esta verba é somente um cala-boca e representa perdas mais à frente. Os bancários já aceitaram propostas como esta no passado e o resultado foi desastroso”, pondera o sindicalista. “O abono é uma coisa pontual e não ajuda a compor o salário. Se dividirmos o valor oferecido, R$ 2.500, pelos 12 meses do ano, teríamos cerca de R$ 208 por mês. Mas, no ano que vem, o reajuste será sobre um salário que não incorpora este adicional. Os bancários não podem se deixar levar por este canto de sereia, porque o resultado é muito ruim”, alerta o presidente da Federação.
Calendário
O Comando Nacional já definiu uma proposta de calendário para construção da greve dos bancários. Os sindicatos de todo o país devem fazer assembleias de deflagração do movimento paredista até dia 1º de outubro, com nova plenária de confirmação no dia 5. Com a realização de consultas à categoria nestas datas, os pré-requisitos legais estariam garantidos para permitir o início da greve no dia 06 de outubro. É importante que os sindicatos observem todas as exigências da legislação, publicando adequadamente editais e avisos de greve dentro dos prazos exigidos.
29/09 | Data-limite para publicação dos editais de assembleia na grande imprensa (salvo previsão diferente no estatuto da entidade) |
1º/10 | Assembleia de deflagração da greve |
02/10 | Publicação de aviso de greve (no mesmo veículo de publicação do edital) |
05/10 | Assembleia de confirmação e organização do movimento |
06/10 | Início da greve às 00h |