Banqueiros oferecem 10% para salários e PLR e abonam parte dos dias parados

A Fenaban procurou o Comando Nacional dos Bancários, que estava em plantão neste sábado (24), para apresentar uma proposta global de encerramento da Campanha Nacional 2015. Além dos reajustes de 10% para os salários, para a PLR e para o piso e o de 14% para os vales refeição e alimentação, já ofertados na sexta-feira (23), os banqueiros aceitaram abonar 63% das horas dos trabalhadores de 6 horas, de um total de 84 horas, e 72% para os trabalhadores de 8 horas, de um total de 112 horas.
Serão considerados para efeito de compensação os dias de paralisação de 6 de outubro a 26 de outubro de 2015. Assim, um dia após a assinatura do acordo, os trabalhadores compensariam, no máximo, uma hora por dia útil, até o dia 15 de dezembro. De acordo com a Fenaban, a proposta só é valida até segunda-feira.

A nova proposta da Fenaban, apresentada no 19º dia da greve, significa a manutenção do modelo que vinha sendo colocado em prática nos últimos anos, de reposição integral da inflação mais aumento real e abono parcial dos dias parados. Na proposta inicial, que levou os bancários à greve, os banqueiros se negavam até mesmo a repor a inflação do período e tentaram reconstruir um modelo ultrapassado de abono salarial.

“Os banqueiros tentaram impor uma derrota a categoria, inicialmente com um reajuste abaixo da inflação. A greve reverteu essa tentativa. Depois, a Fenaban queria, para punir os grevistas, o pagamento ou a compensação total das horas. Mais uma derrota para os bancos. Foi uma surpreendente vitória da unidade e da determinação da nossa categoria. Sem a forte greve que fizemos não teria sido possível!”, comemorou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional.

A negociação de 2015 se mostrou mais difícil que nos anos anteriores em aspectos importantes, mas os sindicalistas foram hábeis na condução do processo. “Mais uma vez o Comando demonstrou maturidade nessa Campanha. No início das negociações, ouvíamos dos banqueiros, constantemente, que seria muito difícil arrancar um índice melhor do que foi apresentado, além do perigo da volta da cultura do abono”, lembra Nilton Damião Esperança, representante da base da Fetraf-RJ/ES no comando Nacional dos Bancários.

Não foi fácil arrancar a proposta melhorada, depois de uma oferta inicial de apenas 5,5% de reajuste e da ameaça de desconto dos dias parados ou compensação integral, ao contrário dos anos anteriores. “Após um movimento grevista coeso e uma acertada estratégia de negociação, houve uma drástica mudança de postura por parte do representante dos banqueiros, que disse que “havia sido muito difícil quebrar a resistência dos bancos”. Isso significa que conseguimos quebrar a expectativa por parte dos bancos que apostavam num índice rebaixado, e conseguimos arrancar repor a inflação e aumento real, inclusive nos ticketes. É muito importante não permitimos a volta dos perniciosos abonos”, pondera o dirigente.

É importante frisar que o panorama em que se desenvolveu a campanha salarial dos bancários é adverso. “Sou plenamente consciente de que o ganho real se revelou irrisório, mas dada essa conjuntura desfavorável, onde muitas outras categorias tiveram até redução de salário, o atual acordo se mostrou vitorioso”, avalia Nilton.

Para Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando, em meio a um cenário de crise econômica e aumento do desemprego, a luta dos trabalhadores conseguiu derrotar os banqueiros. “Esse resultado foi alcançado graças à pressão dos trabalhadores, que não podem ser punidos pelo seu direito à mobilização”, afirmou a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “A proposta apresentada representa mais um ano em que os bancários conseguirão garantir seu poder de compra. Estamos num ano de recessão, não crescimento, desemprego maior, com categorias fechando acordos até abaixo da inflação. Diante desse cenário, a luta dos bancários representa uma vitória contra os bancos que queriam impor perdas à categoria”, ressaltou a dirigente.

Em razão desta conquista, o Comando Nacional orienta os sindicatos a realizar assembleias na segunda-feira (26) e indica a aceitação da nova proposta, que garante aumento real de salário pelo décimo segundo ano consecutivo. Mas é preciso que os bancários manifestem sua concordância com a proposta e a aprovem em assembleias. Até lá, a greve continua.

Saúde

Os bancos apresentaram um termo de entendimento a ser assinado entre os seis maiores bancos e o movimento sindical bancário com mesas específicas para tratar de ajustes na gestão das instituições de modo de reduzir as causas de adoecimento e afastamento. As comissões de empresa acompanharão para garantir a melhoria das condições de trabalho.

A nova proposta da Fenaban

  • Reajuste: 10 %.
  • Pisos: Reajuste de 10%.
    – Piso de portaria após 90 dias: R$ 1.377,62
    – Piso de escriturário após 90 dias: R$ 1.976,10
    – Piso de caixa após 90 dias: R$ 2.669,45 (que inclui R$ 470,75 de gratificação de caixa e R$ 222,60 de outras verbas de caixa).
  • PLR
    Regra básica: 90% do salário mais valor fixo de R$ 2.021,79, limitado a R$10.845,92. Se o total apurado ficar abaixo de 5% do lucro líquido, será utilizado multiplicador até atingir esse percentual ou 2,2 salários (o que ocorrer primeiro), limitado a R$ 23.861,00.
    Parcela adicional: 2,2% do lucro líquido distribuídos linearmente, limitado a R$ 4.043,58.
    Antecipação da PLR: até 10 dias após assinatura da Convenção Coletiva: na regra básica, 54 % do salário mais fixo de R$ 1.213,07 limitado a R$ 6.507,55. Da parcela adicional, 2,2 % do lucro líquido do primeiro semestre, limitado a R$2.021,79.  O pagamento do restante será feito até 01 de março de 2016.
  • Auxílio-refeição: de R$ 26 para R$29,64 por dia.
  • Cesta-alimentação: de R$ 431,16 para R$ 491,52
  • 13ª cesta-alimentação: de R$431,16 para R$491,52
  • Auxílio-creche/babá: de R$ 358,82 para R$ 394,70 (para filhos até 71 meses). E de R$ 306,96 para R$ 337,66 (para filhos até 83 meses).
  • Requalificação profissional: de R$ 1.227,00 para R$1.349,70

Histórico

A entrega da minuta de reivindicações dos bancários aconteceu em 11 de agosto. A partir daí foram realizadas cinco rodadas de negociações. Em 19 de agosto, foi debatido emprego. Nos dias 2 e 3 os temas foram saúde, condições de trabalho e segurança. Em 9 de setembro, Igualdade de oportunidades. A rodada extra do dia 15 de setembro discutiu adoecimento da categoria. E, no dia 16 de setembro, remuneração.

No dia 25 de setembro, a Fenaban não só frustrou, como agiu de forma desrespeitosa com os bancários, ao apresentar uma proposta para a categoria, com um reajuste de 5,5% no salário, também na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche e abono de R$ 2.500,00.

Depois de 16 dias de greve, no dia 20 de outubro, a Fenaban apresentou uma nova proposta, de 7,5% de reajuste. No dia seguinte, o índice foi de 8,75%. Ambos foram recusados na mesa.

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Contraf-CUT