Com a participação dos sindicatos da base da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Fetrafi-MG), o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, ministrou a palestra Reflexos Sobre o Mercado de Trabalho e a Igualdade Racial, na tarde desta terça-feira, em Belo Horizonte. O evento foi o pontapé inicial para a criação do Coletivo de Combate ao Racismo da Fetrafi-MG.
Almir fez um resgate histórico da relação do trabalho escravo no Século XIX e suas consequências nos dias atuais. A falta de perspectiva e a discriminação que vem desde essa época foram lembrados.
Para ele, entender o passado é fundamental para compreender o porquê o negro é discriminado no mercado de trabalho, no qual uma grande maioria ocupa cargos menos qualificados. “As políticas afirmativas promovidas no governo Lula, melhoraram significativamente a vida da população negra, mas precisamos avançar muito mais e abolir o preconceito e a discriminação racial, que ainda é o grande desafio na nossa sociedade.”
Censo da Diversidade
Um ponto importante do encontro foi a apresentação dos dados do II Censo da Diversidade, divulgado em 2014. Dos 500 mil bancários que atuam no setor, somente 24,7% dos trabalhadores nos bancos brasileiros são negros. Deste percentual, apenas 3,4% se declararam pretos, nesta mesma pesquisa.
De acordo com o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, há uma grande resistência na contratação de negros nos bancos. Mesmo com as dificuldades, ele afirma ainda que há discussão para implementação de cotas raciais. “Nós já tentamos há três anos colocar na convenção coletiva a questão das cotas na contratação de negros, mas tem uma resistência grande na Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).”
A Fetrafi-MG deu um grande passo na criação do Coletivo de Combate ao Racismo. “Temos que avançar em todas as Federações para ampliar as nossas lutas contra a discriminação e ampliar nossas conquistas no trabalho e na vida”, alertou Almir Aguiar.
A Fetraf-RJ/ES criou o seu coletivo recentemente e a diretora de Políticas Sociais, Adilma Nunes, esteve presente à reunião na federação mineira. “Participamos do evento em BH falando sobre a relação entre assédio moral e racismo”, relatou Adilma. Para a dirigente, é importante que haja troca de informações e experiências entre sindicatos. “Oferecemos nossa colaboração porque acreditamos que a criação do coletivo em Minas será fundamental para ampliar o debate contra o preconceito na sociedade”, avalia.
Fonte: Contraf-CUT, com Fetraf-RJ/ESsmall>