Reunidos em Buenos Aires entre os dias 26 e 28 de junho, sindicalistas de vários países da América Latina discutiram as ações para defender os bancos públicos do continente. O III Encontro da Aliança Latino Americana em Defesa dos Bancos Públicos foi promovido pela Uni América Finanças, braço do sindicato internacional Uni Finanças nas Américas. Foi aprovada a proposta de defender os bancos federais no Brasil diante do golpe contra a democracia, uma vez que avança a tentativa do governo golpista de privatizar empresas públicas, inclusive os dois maiores bancos do país em ativos, o Banco do Brasil e a Caixa.
As teses apresentadas no evento indicam a importância de impedir o sucateamento e a privatização dos bancos públicos em todo o continente. “As instituições financeiras públicas são fundamentais no desenvolvimento local, regional e nacional e devem continuar a oferecer amplo acesso aos serviços bancários como estratégia para o crescimento econômico e distribuição de renda nos países que operam”, defende Nilton Damião Esperança, presidente da Fetraf-RJ/ES. As funções desses bancos são apoiar as micro, pequenas e médias empresas, promover o comércio exterior, a indústria e a agricultura familiar, para fomentar um melhor desenvolvimento das cidades e do campo. Os bancos públicos também promovem a bancarização em áreas remotas dos países e até em bairros distantes do centro dos municípios, onde as instituições privadas não têm interesse em atuar.
Os palestrantes e sindicalistas traçaram um panorama da atual situação das instituições públicas na América Latina diante do avanço das forças conservadoras e da construção da mobilização dos trabalhadores. “Na ocasião, a Contraf-CUT propôs uma moção em defesa dos bancos públicos brasileiros e sugeriu a internacionalização da campanha Se é Público, é Para Todos”, relata Nilton.
O avanço das pautas neoliberais no continente também foi abordado, bem como a mobilização dos trabalhadores no combate a estas políticas, que buscam promover privatizações e terceirizações e fortalecer o monopólio financeiro dos grandes conglomerados. As condições de trabalho e a manutenção do papel social dos bancos públicos também foram assuntos discutidos durante o evento. Foi criado ainda um espaço para proposição de políticas públicas de desenvolvimento social, com discussão de propostas para ação dos trabalhadores dos bancos públicos para organização em nível regional na América Latina.
Foi definido também que será feita uma campanha de divulgação da Aliança Latino Americana em Defesa dos Bancos Públicos para envolver o máximo de trabalhadores de vários países e fortalecer a organização sindical e a mobilização dos trabalhadores.
A professora argentina Sofía Scacerra Presentación apresentou um painel sobre “La Banca Pública y los TLC en América”. Ela apresentou um quadro alarmante sobre as ameaças que representam os acordos comerciais de nova geração, como o TISA (Trade in Services Agreement, na sigla em inglês) e o TPP (Acordo de Cooperação Trans-Pacífico). Mario Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, explicou que eles propõem criar organismos privados que permitam às empresas acionar os países que não cumprirem os contratos. “É uma clara ameaça às soberanias dos países. Eles vêm para acabar com os projetos de integração regional que tínhamos na América Latina”, lamentou.
Para todos
Durante o Encontro uma comissão da Contraf-CUT e da UNI Finanças Américas, se reuniu com a direção do Banco Patagônia, do qual o Banco do Brasil detém 58,96%, para discutir a renovação de assinatura de mais um acordo de neutralidade, a implementação de ponto eletrônico para garantir o efetivo recebimento de horas extras e situações de assédio moral.
- Adotar uma campanha de conscientização de alto impacto, similar à lançada do Brasil, com o tema “Se é público, é para todos”.
- Convocar a jornada dos trabalhadores, sindicatos e diversos grupos sociais para promover a permanência dos tratados TPP e TISA.
- Apoio com assistência real em cada país que subscreva a UNI, em suas reivindicações.
- Distribuir e comunicar este documento entre os distintos dirigentes ativistas, delegados, militantes etc.
Confira aqui o documento final do evento.