Em assembleia realizada no último dia 27 os músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira decidiram entrar em greve. Com a decisão fica suspenso o concerto para o Comitê Olímpico Internacional, programado para o dia 1º de agosto, e os ensaios preparatórios. A paralisação é para pressionar a Fundação OSB a pagar os salários atrasados de julho – que deveriam ter sido pagos no dia 06 – e regularizar o pagamento do plano de saúde, que foi suspenso.
A situação financeira da Fundação OSB é grave e, além dos instrumentistas, os demais funcionários também estão sem salário e plano de saúde. A administração da entidade já avisou que não haverá reajuste este ano. O acordo coletivo dos músicos já está vencido e as negociações para o novo estão paralisadas.
A OSB ensaia e faz apresentações na Cidade das Artes, espaço da prefeitura administrado através de uma Parceria Público-Privada. Entre os principais mantenedores da Fundação está a prefeitura. Mas, apesar disso, a FOSB paga aluguel pelo uso das salas de ensaio e, mesmo com o alto valor, o local é pequeno e inadequado. A acústica é péssima e prejudica a percepção do que está sendo tocado, obrigando a muitos ajustes no momento das apresentações. A condição também é um risco à saúde, já que o volume de som mal ajustado pode reduzir a capacidade auditiva dos músicos. Há ainda problemas de iluminação e riscos para os instrumentos, já que não há espaço para guardá-los com segurança.
Mais crise
A OSB passou por uma grave crise financeira em 2002, quando os músicos ficaram quase seis meses sem receber salário. Na ocasião, uma parceria com a prefeitura salvou a orquestra, que recebeu a promessa de ocupar instalações da Cidade da Música, então em construção.
Outra crise aconteceu em 2011, quando metade da orquestra foi dispensada. O então maestro e diretor artístico, Roberto Minczuk, impôs avaliações de desempenho aos músicos, que não concordaram e boicotaram os testes, sendo demitidos por justa causa. A intenção da direção era substituir os músicos brasileiros por estrangeiros, o que contraria a CLT. A crise ganhou ampla repercussão e as audições internacionais foram boicotadas. O Ministério do Trabalho e Emprego anunciou que não daria vistos aos músicos que viessem de fora e os demitidos só foram reintegrados após mediação do Ministério.