Comando Nacional entrega reivindicações à Fenaban e Campanha 2016 já está nas ruas

Foto: Jaílton Garcia / Contraf-CUT

As primeiras rodadas de negociação com os bancos foram marcadas para os dias 18 e 19 de agosto

 

O Comando Nacional dos Bancários entregou à Fenaban, na manhã desta terça-feira (9), em São Paulo, a pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2016. A minuta foi aprovada durante a 18º Conferência Nacional dos Bancários, entre os dias 29 e 31 de julho, na capital paulista. As primeiras rodadas de negociação já foram marcadas para a próxima semana, dias 18 e 19, e discutirão reivindicações em geral.
A Campanha Nacional 2016 tem como eixos centrais: reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas e ao assédio moral, fim da terceirização. Além da defesa do emprego, das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo interno de Michel Temer.

“Dissemos na entrega da Minuta que os bancários lutaram bravamente para que a gente estivesse ali hoje, frente a frente dos banqueiros, em igualdade de condições. Foi lutando que inventamos este processo de negociação inclusivo e participativo, que tem a força da unidade nacional. A Fenaban sabe que representamos verdadeiramente a nossa categoria nesta mesa”, afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT. “Reafirmamos que sabemos da conjuntura difícil e da instabilidade institucional do Brasil hoje, causada por um golpe que pretende tirar direitos dos trabalhadores. Mas, lembramos aos banqueiros, que não fomos nós que criamos nenhuma crise. Nem iremos pagar o pato. Contamos com o respeito e com a responsabilidade dos bancos. Ao mesmo tempo esperamos a merecida valorização dos empregados dos bancos. Dissemos que a partir deste momento consideramos que as nossas reivindicações contidas na Minuta são conhecidas pela Fenaban e esperamos ouvir brevemente palavras de acolhimento para elas”, completou.

Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, lembrou que ficou claro que os bancários estão preocupados com os empregos. “Nós queremos garantia de emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho, importância da igualdade de oportunidades para categoria. Deixamos claro também que os bancários não vão pagar essa conta, dessa crise que foi criada no Brasil.” De acordo com Juvandia, os bancos não têm crise. “Estudo da Economática, que consultou 300 empresas de 25 setores diferentes no Brasil, mostra que os bancos são os mais lucrativos. Portanto, já que não tem crise para banqueiro, não pode ter crise para o bancário. A gente espera que as nossas reivindicações sejam atendidas. Esperamos que o processo seja rápido, se defina o quanto antes com ganhos para a categoria, que tanto trabalha e tanto contribui.”

O presidente da Fetraf-RJ/ES, Nilton Damião Esperança, ressalta que a crise econômica e a política conservadora do governo federal atingem fortemente os trabalhadores. “Pela segunda vez consecutiva neste ano o conjunto dos bens alimentícios aumentou em 22 capitais brasileiras, segundo dados apresentados pelo Dieese. Além disso, temos um governo que poderá acelerar a retirada dos direitos dos trabalhadores”, destaca Nilton. O dirigente lembra, ainda, que a Fenaban costuma apostar na exaustão do movimento sindical para concluir as negociações. “Já conhecemos a estratégia de negociação dos banqueiros: reclamar da crise e dizer que não têm condições de atender às nossas reinvindicações. Mas a verdade é que quem força a deflagração de greve não são os bancários, mas os banqueiros, que prolongam a negociação e muitas vezes provocam impasses na mesa”, critica o dirigente.

Diante do quadro de instabilidade econômica e política, a saída para os bancários é intensificar a mobilização. “Temos que pressionar os patrões e dizer para os bancos, para o governo e para a sociedade que queremos uma negociação séria e com respeito e que não vamos abrir mão dos nossos direitos. É preciso utilizar com muita criatividade as redes sociais, participar das atividades promovidas pelos sindicatos e aderir fortemente à greve. Sem luta não há vitória”, exorta Nilton.

Caixa e Banco do Brasil

A pauta específica dos empregos da Caixa também foi entregue nesta terça-feira (9) à direção do banco, após a reunião com a Fenaban. Os pleitos dos trabalhadores foram definidos no 32º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), realizado entre os dias 17 e 19 de junho, em São Paulo. Clique aqui para ler a matéria completa.

A minuta de reivindicações específicas dos funcionários do Banco do Brasil será entregue na próxima quinta-feira, dia 11 de agosto, ao presidente do BB, Paulo Cafarelli, em São Paulo. A pauta contempla as propostas aprovadas no 27º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, também em São Paulo, entre os dias 17 e 19 de junho.

Só a Luta te Garante

Campanha 2016 já está nas ruas sob o mote “Só a Luta te Garante”. Bancários e bancárias querem chamar a atenção da população não só para as reivindicações da categoria, mas também para a conjuntura complicada sofrida pelo País e pela classe trabalhadora, com tantas ameaças aos direitos conquistados, em anos de batalha. Mais do que nunca, só a luta garantirá   avanços contra o retrocesso.

Consulta Nacional 2016, realizada com a categoria bancária, para construção da pauta de reivindicações, demonstrou, que entre os mais de 40 mil trabalhadores que responderam à pesquisa, 76% são contrários à reforma da Previdência Social e 85% não querem a redução de direitos da CLT, conforme está sendo proposto pelo governo interino de Michel Temer.

A imagem principal de mídia deste ano é uma rosa, símbolo de luta em vários momentos históricos pelo mundo. Bancários de todo o Brasil já aderiram à Campanha nas ruas e nas redes sociais, através Facebook da Contraf-CUT, com link para incluir a marca da Campanha na foto principal do perfil. Somente a luta garante direitos.

Principais reivindicações da minuta:

  • Reajuste salarial: 14,78% (incluindo reposição da inflação mais 5% de aumento real)
  • PLR: 3 salários mais R$8.317,90
  • Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
  • Vale-alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo)
  • Vale-refeição no valor de R$880,00 ao mês
  • 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês.
  • Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
  • Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
  • Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
  • Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
  • Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
  • Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).

 

 

Fonte: Contraf-CUT