A expectativa de uma proposta global satisfatória foi frustrada. Os banqueiros ofereceram reajuste abaixo da inflação e um abono salarial de R$ 3 mil em resposta à reivindicação de reposição da inflação e aumento real de 5%. A regra da PLR do ano passado seria aplicada, com correção do valor fixo pelo mesmo índice do oferecido para correção dos salários.
O abono não é vantajoso porque, além de baixo, não é incorporado ao salário e, portanto, não constitui ganho permanente. Já o índice proposto é de apenas 68% da inflação do período. “Embora, segundo os banqueiros, haja uma perspectiva de desaceleração da inflação, o reajuste não se refere ao período futuro, mas ao passado. O reajuste é a recomposição do poder de compra do trabalhador, que foi corroído pelo aumento dos preços. Entre setembro do ano passado e agora, o custo de vida médio subiu 9,57%. A reposição da inflação é o mínimo indispensável, não tem sentido aceitar nada menos que isso”, pondera Nilton Damião Esperança, presidente da Fetraf-RJ/ES e representante da base no Comando Nacional.
Outra reivindicação fundamental dos bancários, a garantia do emprego, foi sumariamente negada pelos banqueiros. “Nos disseram que, sobre isso, não há proposta”, relata Nilton. “As demissões estão acontecendo todos os dias, com índice de rotatividade altíssimo e aumento do corte de postos de trabalho. Quase dez mil vagas foram encerradas em 2015 e entre janeiro e julho deste ano o número já chega perto de oito mil. São quase dezoito mil posições eliminadas em menos de dois anos, mas os banqueiros não querem discutir o problema”, critica o sindicalista.
E nada mais
Além da proposta econômica insatisfatória, os banqueiros não apresentaram nada para as demais cláusulas. “Eles dizem que vamos continuar conversando sobre os outros temas, mas não sinalizaram nada. Ainda teremos mais uma reunião na terça-feira, mas, se a proposta de reajuste e PLR for mantida e não vier nenhuma oferta para as outras reivindicações, não tem como chegarmos a um acordo”, adianta Nilton.
A orientação do Comando Nacional é de realização de assembleias até dia 1º de setembro, para votar proposta de greve a partir do próximo dia 06. “Os banqueiros começaram as negociações dizendo que esperavam ter uma campanha rápida. Mas, com esta proposta, não é possível. Se os patrões estivessem realmente dispostos a concluir as negociações em pouco tempo, teriam apresentado propostas negociáveis e não esta oferta irrisória de 6,5% e nenhum avanço nas outras cláusulas”, critica o sindicalista.
Proposta dos bancos
- Reajuste: 6,5% (representa perda de 2,8% para os bancários em relação à inflação de 9,57%).
- Abono: R$ 3.000,00 (parcela única, não incorporado aos salários)
- Pisos (após 90 dias):
– Portaria: R$ 1.467,17
– Escritório: R$ 2.104,55
– Caixa/tesouraria: R$ 2.842,96 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa). - PLR regra básica: 90% do salário mais R$ 2.153,21, limitado a R$ 11.550,90. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25. 411,97
- PLR parcela adicional: 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.306,41.
- Auxílio-refeição: R$ 31,57.
- Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta: R$ 523,48.
- Auxílio-creche/babá: R$ 420,36 (filhos até 71 meses) e R$ 359,61 (filhos até 83 meses)