Presidente da Fetraf-RJ/ES alerta: abono parece vantajoso, mas não é

Por Nilton Damião Esperança

 

Estamos vivendo um momento político e econômico bastante conturbado em nosso país. Sabendo disso, os banqueiros querem aproveitar esse momento para confundir cabeça dos bancários.

Ofereceram um reajuste de 6,5%, que não repõe a inflação, e um abono de R$ 3 mil. Fizeram uma conta ilusória, dividindo o abono por 13 (12 salários + décimo terceiro) e acrescentaram o valor obtido às 3 faixas salariais. À primeira vista, parece que dá no mesmo e o resultado é vantajoso para os bancários. Mas, se fosse, por que os banqueiros insistiriam neste formato?

É preciso atentar para o fato de que o abono não terá reflexo no FGTS e que ainda haverá o desconto do IR e do INSS, gerando com isso perda mensal de quase 3% – 38,42%, se calculado para todo o período. Também lembramos que os bancos pretendem aplicar o mesmo índice dos salários para corrigir a parte fixa da PLR e, quanto menor for este percentual de reajuste, menor o valor da participação nos lucros.

Os bancos brasileiros continuaram obtendo lucros exorbitantes, mesmo com a crise financeira, e, no entanto, a postura na mesa de negociação foi a mesma dos anos anteriores: insistir em não atender às nossas reivindicações e, mais uma vez, vender como uma boa proposta a ideia do abono e índice de reajuste abaixo da inflação.

Não podemos, neste momento, pensar de forma individualista e imediatista, pois pagaremos muito caro num futuro próximo. Os bancários com mais tempo de casa sabem muito bem disso. Não podemos aceitar abono sem aumento real, garantia no emprego, melhoria nas cláusulas de saúde e segurança, igualdade de oportunidades.

A excessiva lucratividade dos bancos é o reflexo do nosso trabalho. A hora é essa. Compareçam todos às assembleias e vamos construir uma greve forte. Temos que lutar para manter nossos direitos e conquistar avanços.