Numa manifestação espontânea, gestores e demais comissionados da Caixa estão se mobilizando para aderir à greve dos bancários. O movimento começou no Pará e já está se estendendo pelo país de forma autônoma, com apoio dos sindicatos. No Rio de Janeiro já houve uma reunião de gestores, na última sexta-feira, e presença significativa destes bancários na assembleia realizada na noite da última segunda-feira, 03.
Esta ação muda a situação da greve na Caixa, já que muitos bancários permaneciam nas agências, com ponto registrado, não atendendo ao público, mas batendo metas. “A mudança na postura dos comissionados demonstra a insatisfação dos bancários com a RH 184, normativa da Caixa que retira comissões arbitrariamente e sem incorporação de salários, a oferta de abono salarial, que nem sequer repõe a inflação, o silêncio dos patrões, que travaram as negociações, e o risco de privatização da Caixa e perda de direitos”, esclarece Luiz Maggi, funcionário da Caixa e diretor para Bancos Federais da Fetraf-RJ/ES.
No Rio de Janeiro a mobilização vai incluir, além de paralisação total de várias agências, um abraço simbólico ao prédio da Av. Almirante Barroso, principal centro administrativo da Caixa no Estado. Também já estão sendo organizadas atividades nas bases dos sindicatos da Baixada Fluminense, Petrópolis e Sul Fluminense. “A adesão de gestores se destaca porque estes empregados dificilmente aderem à greve, já que enfrentam riscos de represálias. Uma mobilização como esta não acontece desde a década de 80, quando finalmente conquistamos o direito à sindicalização e a jornada de 6 horas”, lembra o sindicalista.
A adesão dos comissionados da Caixa à greve dos bancários é tradicionalmente baixa em razão das imensas pressões que estes funcionários sofrem. A empresa alega que, com cargos de confiança, eles teriam responsabilidades que não lhes permitiram parar de trabalhar. Mas esta alegação é apenas a desculpa para a prática de assédio moral que impede estes trabalhadores de exercer seu legítimo direito de greve. “Esta adesão espontânea é um grande impulso à nossa greve, que já tem quase 30 dias. Os sindicatos devem disponibilizar todo o apoio logístico e material para que o movimento dos comissionados da Caixa aconteça da melhor maneira”, orienta Maggi.