A Caixa já anunciou que vai descontar o valor referente ao dia 28 de abril do salário dos trabalhadores que aderiram à greve geral. A adesão do funcionalismo da Caixa foi grande e a posição da presidência da empresa está em total acordo com o atual governo, que vem se destacando pela retirada de direitos dos trabalhadores.
É importante destacar que a adesão de todos os bancários à greve geral do dia 28 foi decidida em assembleias, cumprindo todas as exigências da legislação. Portanto, foi uma greve legal e legítima. “A direção da Caixa não tratou a paralisação como sempre trata as greves da categoria. Mesmo nas greves por tempo indeterminado, há negociação com as representações dos empregados para que os bancários compensem as horas não trabalhadas. Mesmo com uma greve legalmente deflagrada, a direção da Caixa passou por cima das entidades sindicais e associativas e descontou. É uma atitude totalmente inaceitável por parte desta gestão”, critica Luiz Ricardo Maggi, diretor da Fetraf-RJ/ES e representante da base na CEE/Caixa.
O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro entrou com ação preventiva na Justiça para reivindicar o não desconto do dia de paralisação e os bancários da capital não serão descontados. Mas nos demais municípios a Caixa já está fechando os contracheques com o valor descontado. “Os sindicatos devem entrar com ações para suspender o desconto do dia paralisado e estabelecer as regras para a reposição das horas não trabalhadas, a exemplo do que fez o Seeb-Rio”, orienta Maggi.
Muitas questões
A adesão significativa de funcionários da Caixa não se deve somente à indignação com as reformas que estão em andamento no Congresso. O governo federal já anunciou medidas que colocam a empresa em sério risco. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi já informou que haverá privatização da Loteria Instantânea (Lotex) e o fechamento de 120 agências. “A Caixa está usando como critério para fechar unidades apenas o lucro e a rentabilidade. Mas o atendimento prestado pela Caixa tem interesse social e uma agência menos lucrativa pode ser de extrema importância para a população de uma localidade. Não se pode usar somente critérios financeiros. E, de todo modo, 120 é um número muito grande de agências, o público vai ser prejudicado”, critica o representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa.
Há também a ameaça da Caixa perder a gestão dos recursos do FGTS, que seria repassada para bancos privados. O saldo atual é de aproximadamente R$ 400 bilhões e responde pela geração de 40% do lucro líquido da Caixa, na forma de tarifas e serviços, já que o governo remunera a empresa pela administração do fundo. Sem esta verba, a Caixa vai passar por um processo de redução severa de unidades de atendimento e de postos de trabalho, o que constitui não só um fator de desemprego, como também de precarização ainda maior do atendimento à população.
A transferência da gestão do FGTS para os bancos privados é um presente em bandeja de prata que o governo está oferecendo aos banqueiros. A receita gerada pelas tarifas de prestação do serviço constitui uma forma de repasse direto de verba pública para empresas particulares. Além disso, o saldo do fundo que, hoje, é usado para fins de interesse da população, passará a servir para que bancos privados – nacionais e estrangeiros – especulem no mercado financeiro internacional, gerando ainda mais lucro para estas empresas, sem nenhuma contrapartida social.