SÃO PAULO e RIO. A AOL publicou ontem anúncios em jornais do país informando que vai encerrar sua operação no Brasil no próximo dia 17 de março. Depois dessa data, o acesso à internet pelo provedor AOL Brasil não estará mais disponível. Também sairão do ar o conteúdo do portal e serviços como blog, salas de bate-papo e mensagens instantâneas. A AOL faz parte da Time Warner, o maior grupo de mídia do mundo, que administra a rede de televisão CNN e os estúdios Warner Bros, entre outras empresas. Já a AOL Latin America — responsável pela subsidiária brasileira — é uma joint-venture entre a AOL americana, o grupo venezuelano Cisneros e o Banco Itaú.
O único serviço que a AOL manterá no país depois de 17 de março é o e-mail, cujas contas permanecerão ativas até 31 de julho, mas apenas para quem tiver migrado para o portal Terra. Em dezembro, o Terra comprou a base de assinantes da AOL Brasil. Pelo acordo, pagará entre US$ 760 mil e US$ 1,9 milhão à AOL Latin America. O valor final da transação dependerá do número de assinantes da AOL Brasil que migrarem para seu serviço de acesso. Fontes próximas ao provedor afirmam que são cerca de 150 mil clientes.
Para quem acompanha o mercado brasileiro de internet, o fechamento da AOL Brasil era questão de tempo. Primeiro porque a AOL Latin America entrou em processo de concordata em junho passado e, desde então, conseguiu vender suas operações na Argentina e no México. Além disso, mesmo investindo pesadamente em marketing durante um bom tempo, a AOL Brasil nunca conseguiu ganhar de verdade o coração do internauta brasileiro.
Presente no país desde novembro de 1999, foram pouco mais de seis anos colecionando decepções — a primeira já na campanha de lançamento do provedor, quando a empresa distribuiu milhares de CD-ROMs que invariavelmente provocavam problemas nos computadores de quem os instalava. A repercussão foi péssima, para alegria da concorrência.
Com sua saída do país, a AOL Brasil repete o destino de outros grandes grupos internacionais que, desde o fim dos anos 90, tentaram ganhar o mercado brasileiro de internet. A Starmedia, por exemplo, foi uma das empresas que encontraram por aqui um cenário bem menos afável do que o prometido naquela época, quando se acreditava que a internet seria imprescindível para todos os cidadãos, gerando lucros altos em pouco tempo. Não foi bem assim.
A propósito, quem não deverá reclamar muito do fim da AOL latina será seu principal executivo, Charles Herrington, que vai receber US$ 999 mil referentes a bônus e à sua saída da operação.
(Por Vladimir Goitia* e Nelson Vasconcelos – Jornal O Globo – em 9/fev)
* Especial para o GLOBO
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