Banco usa provisionamento para camuflar lucro e reduzir PLR
Na última semana o Banestes divulgou o balanço dos resultados de 2012, apresentando crescimento de 22,72 % em comparação a 2011, com ativo total de R$ 12,42 bilhões. O lucro do banco, contudo, baixou em 8,7 pontos percentuais, fechando em R$ 81,40 milhões. Como conseqüência, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos trabalhadores também diminuiu.
A queda dos lucros, segundo o banco, é resultado do forte provisionamento para devedores duvidosos, prática que há tempos vem sendo questionada pelo Sindicato dos Bancários/ES. De acordo com Jessé Alvarenga, diretor do Sindicato, o Banco se utiliza dos provisionamentos para mascarar os resultados e diminuir a participação dos empregados nos lucros. Além disso, o modelo de distribuição de créditos é concentrado e não prioriza o desenvolvimento estadual.
Em 2010, quando era representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banestes, Jessé protocolou denúncia no Ministério Público Federal e enviou comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre a irregularidade de operações com grupos de grande porte que adquiriram empréstimos no Banestes sem as garantias devidas e fora dos normativos, por meio de uma política de favorecimento do Governo Paulo Hartung.
“O banco, de modo irregular, beneficia grandes empresas com empréstimos volumosos sem as devidas garantias, o que aumenta a margem de provisionamento duvidoso. Estamos fazendo essas denúncias desde 2010 e muitos dos valores já deveriam ter sido provisionados. Além disso, a concentração de crédito é muito alta e prioriza as grandes corporações e os interesses privados. É importante que a distribuição do crédito seja mais democrática e se volte para ações de desenvolvimento local, beneficiando pequenos agricultores, micro empresários e outros”, critica Jessé Alvarenga.
Banco promete remuneração variável e não paga
Em 2012 o Banestes lançou o Programa de Remuneração Variável por meio do qual impunha aos bancários o cumprimento de diversas metas, entre elas metas coletivas, individuais e de comportamento. A proposta do programa era de que, superadas as metas, os bancários receberiam, além da PLR, um adicional sobre o valor do lucro.
Apesar da expectativa criada entre os bancários e do esforço individual e coletivo dos empregados para cumprir todas as exigências do programa, o adicional prometido não foi pago em função da redução do lucro.
“Se não fosse o provisionamento, as metas teriam sido certamente superadas. O que a direção do Banestes fez foi criar falsas expectativas, gerando frustração e desestimulando o trabalhador bancário. Além disso, nos parece que tal programa foi criado como uma nova estratégia de pressão para cumprimento de metas, prejudicando ainda mais os trabalhadores, que já enfrentam situação gravíssima de sobrecarga de trabalho e estresse”, destaca Jonas Freire, bancário do Banestes e diretor do Sindicato.
Fonte: Seeb-ES