Os três maiores bancos privados do país tiveram em 2017 o maior lucro de sua história, mesmo em período de acentuada crise recessiva. A contrapartida não existe: além das demissões e fechamento de agências, estão segurando o crédito, o que é um claro descumprimento de sua função social.
O Itaú lucrou quase R$ 25 bilhões, um valor impressionante que não se traduz em melhoria do atendimento. Foram fechadas 133 agências tradicionais e criadas 25 agências digitais, que não oferecem amplo acesso à população. O crédito encolheu significativamente, com redução da carteira de crédito.
No Bradesco, que teve um resultado de quase R$ 19,024 bi, os números poderiam ter sido ainda maiores, mas o banco apelou para um PDV para reduzir a folha e o impacto das indenizações foi de R$ 1,262 bilhão. Foram encerrados quase 10 mil postos de trabalho e fechadas 565 agências, enquanto inaugurou 78 postos de atendimento. A carteira de crédito do banco foi reduzida em 4,3%.
O Santander comemorou um lucro de quase R$ 10 bilhões numa gigantesca festa para 40 mil funcionários no final de 2017. Foi o único que não reduziu a carteira de crédito – que cresceu mais de 17% – mas, com as taxas de juros ao consumidor mais altas do mercado, não está emprestando à população e aos pequenos empresários. Mesmo com este resultado, foi aberta somente uma agência durante todo o ano. Já o número de postos de trabalho aumentou em 670 entre setembro de dezembro, mas ninguém sabe ainda onde foram parar todos estes funcionário. O certo é que, nas agências, não houve aumento significativo do número de trabalhadores. Mas o número de demissões foi alto e estas contratações no último quadrimestre resultaram num resultado positivo pequeno: 24 posições.
A receita com tarifas cresceu nos três bancos: 10,22% no Bradesco, 7,7% no Itaú e incríveis 17,7% no Santander. Estes números significam que os clientes pagam mais pelos serviços, embora este aumento não se reflita na melhora da qualidade do atendimento. As filas continuam grandes, embora os bancos pressionem cada vez mais os clientes a realizar suas operações através de meios alternativos e digitais.
Diante destes números, a pergunta que fica é: de onde vem este lucro? As operações de tesouraria, de câmbio e de seguros – este último segmento, com um incremento importante nos últimos 12 meses – foram os motores do resultado. A inadimplência também caiu nos três bancos, o que demonstra não uma estabilidade do mercado, mas a adoção de uma postura altamente conservadora por parte das instituições financeiras. “Os bancos estão privilegiando os grandes investidores. Estão, cada vez mais, colocando o rentismo acima do crédito produtivo. Emprestam somente para aqueles tomadores que oferecem os riscos mais baixos de inadimplência”, aponta Vivian Machado, técnica da subseção do Dieese na Contraf-CUT. “Com o aumento do emprego informal, a concentração da oferta de crédito nestes segmentos se intensifica, porque trabalhador sem carteira assinada não consegue empréstimo”, ressalta a economista.
Além da concentração de renda, que já é um problema em si, e do não fomento da economia, as atuais diretrizes da gestão dos bancos privados tem consequências ainda mais danosas à sociedade. Quanto mais ricos, maior sua influência política. Não é à toa que os bancos privados estão entre os maiores financiadores do lobby para aprovação da reforma trabalhista e na reforma da previdência.
Os resultados começaram a aparecer: a primeira batalha – as mudanças na CLT – foi vencida e as novas regras já estão sendo aplicadas nos bancos. Cada vez mais ricos e com maior poder de influência sobre uma política já desastrosa do governo golpista, os bancos brasileiros Bradesco e Itaú e o espanhol Santander estão entre os maiores inimigos das finanças e do bem estar da população brasileira.
Fonte: Fetraf-RJ/ES