Depois que o Santander Brasil praticou demissões em massa em dezembro do ano passado, quando desligou sem justa causa 1.153 funcionários em todo país, conforme os dados do Caged de 2012 fornecidos pelo banco espanhol ao Ministério Público do Trabalho, a instituição financeira fechou o primeiro quadrimestre com 878 dispensas, segundo informações dos sindicatos para a Contraf-CUT e organizados pelo Dieese.
Confira os números dos sindicatos:
– janeiro/2013: 465
– fevereiro/2013: 142
– março/2013: 150
– abril/2013: 121
– total: 878
“Embora nem todos os sindicatos enviaram os dados de suas homologações, sendo que várias entidades remeteram os números de abril antes do final do mês, esse indicador já é por si só muito preocupante, na medida em que supera o total de 765 demissões sem justa nos primeiros quatro meses de 2012, conforme os dados do Caged”, alerta o funcionário do banco e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.
Veja os dados do Caged:
– janeiro/2012: 198
– fevereiro/2012: 170
– março/2012: 218
– abril/2012: 179
– total: 765
Clique aqui para ver a análise do Dieese a partir do Caged de 2012.
Os sindicatos devem continuar enviando no início de cada mês os dados das homologações para a Contraf-CUT. Além disso, a confederação seguirá reivindicando o acesso mensal aos dados do Caged, conforme reivindicação feita na última reunião do Comitê de Relações Trabalhistas, realizada no dia 27 de março.
Corte de empregos e rotatividade
As demissões informadas pelos sindicatos confirmam a redução dos postos de trabalho em 2013, conforme apontou o balanço do primeiro trimestre do Santander. “Apesar do lucro líquido gerencial de R$ 1,519 bilhão, o banco eliminou 508 empregos nos primeiros três meses do ano, andando na contramão da geração de empregos da economia brasileira”, critica Ademir.
“Isso mostra que o Santander retomou a famigerada política da rotatividade, dispensando funcionários que ganham mais e contratando outros que recebem menos, como forma de reduzir custos para aumentar ainda mais os lucros. Além disso, fecha postos de trabalho, o que não tem justificativa diante dos resultados do banco no Brasil, que representam 26 % do lucro mundial do Santander”, ressalta o diretor da Contraf-CUT.
Na Espanha, apesar da grave crise financeira, a situação é bem diferente para os bancários do Santander. Na terça-feira (7), durante a 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais, ocorrida em Assunção, o secretário de relações internacionais da Comfia-Comisiones Obreras, Francisco Garcia Utrilla (Pepe), disse que lá quase não há demissões no Santander e que um acordo assinado com os sindicatos espanhóis garante que não haverá medidas traumáticas nas relações de trabalho.
Descaso com emprego
“Esse novo descaso do Santander com o emprego no Brasil, a exemplo de outros bancos privados, está motivando protestos e manifestações dos bancários em todo país, que vão crescer se o banco insistir em mandar trabalhadores para o olho da rua”, avisa o dirigente sindical. O problema também está sendo debatido nos encontros regionais preparatórios ao Encontro Nacional dos Dirigentes Sindicais do Santander, a ser realizado nos dia 4 e 5 de junho, em São Paulo.
“Ou o Santander respeita o Brasil e os brasileiros, começando com os funcionários e aposentados do banco, ou haverá um processo de intensas mobilizações porque os sindicatos estão indignados com as demissões, os ganhos milionários dos diretores e as precárias condições de trabalho na rede de agências, onde faltam contratações e vários funcionários tomam medicamentos tarja preta e adoecem estressados com o assédio moral e a pressão das metas abusivas”, frisa Ademir.
“O movimento sindical não vai se intimidar diante das injustiças e das práticas antissindicais do banco no Brasil e vai seguir tomando as medidas cabíveis para que acabem as enrolações nas mesas de negociações e grupos de trabalho e os trabalhadores sejam tratados com respeito, dignidade e valorização”, conclui.
Fonte: Contraf-CUT com Dieese