Ataques homofóbicos se multiplicam no estado do Rio de Janeiro

   Foto: GDN
Pouco mais de um ano depois de se mudar para a nova sede, na Rua São João, o Grupo Diversidade Niterói viu suas instalações vandalizadas na madrugada do último dia 19. Janelas quebradas, pichações e inscrições homofóbicas nas paredes e muito material destruído foi o que sobrou da sede.


 


A tática dos invasores foi clara: levar pouca coisa, mas destruir tudo que fosse possível. “Quebraram mesas e cadeiras, arquivos. E também levaram computadores e algumas peças menores de mobiliário. A nossa exposição fotográfica foi destruída, as fotos foram rasgadas. Nossas fichas cadastrais, atas, muitos documentos, foram furtados ou rasgados”, informa Miguel Macedo, presidente da entidade.


 


Para os diretores do GDN, o objetivo do ataque é claro: paralisar as atividades do grupo. “Conquistamos um Ponto de Cultura, já temos dez anos de atuação, fazemos um trabalho importante de prevenção de DST e AIDS, prestamos atendimento psicológico à comunidade LGBT. Depois que o Centro de Apoio a Portadores de DST e Aids – CAPA foi extinto, passamos a ser o principal ponto de distribuição de preservativos. Por isto, muita gente entra e sai da nossa sede, para os eventos, para buscar camisinhas. Além disso fizemos uma grande festa pelos dez anos de existência, no dia 24 de janeiro. Estamos muito visados”, avalia Macedo. O presidente da entidade também lembra que os ataques que têm ocorrido aos estabelecimentos comerciais da região têm características muito diferentes. “Não é o mesmo perfil. O que tem acontecido são pequenos furtos em lojas, aqui destruíram tudo. Fica muito clara a motivação”, conclui o ativista.


 


Além do registro da ocorrência policial, feito na 76ª DP, a diretoria do GND recorreu a aliados. No dia seguinte houve uma reunião com a Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj para discutir os ataques homofóbicos que têm acontecido no Rio de Janeiro. No encontro ficou definida a realização de uma Audiencia Pública na casa no dia 20 de março. A OAB-RJ, através de sua Comissão de Direitos Humanos, com apoio do programa estadual Rio Sem Homofobia, marcou ato de solidariedade às vitimas de violência homofóbica, que acontece dia 26, quarta-feira, às 10h, na sede da OAB-RJ.


 


Espancamento e morte


 


Mas o ato da OAB-RJ não foi motivado somente pela destruição da sede do GDN. Outro ataque homofóbico recente que chocou a comunidade LGBT e a sociedade como um todo foi a agressão sofrida por Vanessa Holanda e Leidiane Carvalho. O casal deixava o desfile do bloco carnavalesco Boi Tolo, no Centro do Rio, no último dia 15, quando foi abordado por dois homens. Vanessa foi derrubada no chão, recebeu chutes e socos e teve suas roupas rasgadas. Leidiane também foi agredida quando tentou ajudar a namorada. A agressão aconteceu à luz do dia e o local estava muito movimentado, em razão do desfile do bloco. A solidariedade dos passantes foi mínima.


 


No mesmo fim de semana em que Vanessa e Lidiane foram agredidas no Rio, o cabeleireiro e ativista LGBT Waldemir Estrela foi espancado e assassinado em seu apartamento, em São Gonçalo. Um dos casos mais chocantes registrados no estado foi o do adolescente Alexandre Ivo, de apenas 14 anos, sequestrado, torturado e morto por uma gangue de skinheads, em junho de 2006, também em São Gonçalo.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES