87 % das categorias acompanhadas pelo DIEESE conquistaram ganhos reais
O DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, através do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS-DIEESE), anualmente divulga estudo sobre os resultados das negociações coletivas dos reajustes salariais. Em 2013, em cerca de 87 % das 671 unidades de negociações acompanhadas pelo DIEESE, em todo o Brasil, os trabalhadores conquistaram reajustes salariais com aumentos reais; em 7 % obtiveram a reposição da inflação e, por fim, em aproximadamente 6 % tiveram reajustes inferiores à inflação medida pelo INPC-IBGE.
Os dados de 2013 revelam um recuo frente a 2012 – o melhor ano da série iniciada em 1996 – e próximo aos resultados alcançados em 2011. O aumento real médio verificado em 2013 foi de 1,25 % , inferior ao dos últimos três anos, quando tivemos, respectivamente, aumentos reais médios de 1,70 % , 1,36 % e 1,98 % ,de 2010 a 2012.
O decréscimo no aumento real médio, em 2013, era esperado em virtude dos resultados do primeiro semestre, no qual apenas cerca de 83 % das negociações resultaram em ganhos reais frente ao INPC-IBGE, alcançando um reajuste médio de 1,11 % . No segundo semestre, devido, sobretudo, à queda nas taxas mensais de inflação e à concentração de negociações coletivas de categorias com forte poder de mobilização, 94 % dos acordos registraram aumentos reais, perfazendo um reajuste real médio de 1,52 % .
Quando se observa o painel por data-base, novamente, percebe-se que a maior incidência de aumentos reais foi registrada no segundo semestre, mais especificamente, em agosto e dezembro (100 % de negociações com aumentos reais), julho (96 % ) e outubro (95 % ). As menores incidências foram em fevereiro (76 % ), março e abril (80 % cada).
Contudo, a data-base com maior aumento real médio foi janeiro (1,65 % ), fortemente influenciada pela política de valorização do salário mínimo, que, em janeiro de 2013, obteve um aumento real de 2,64 % sobre o INPC-IBGE.
Dentre as negociações coletivas que resultaram em ampliação do poder de compra dos trabalhadores, aproximadamente 67 % situaram-se na faixa de até 2 % acima do INPC, reforçando tendência dos anos anteriores. Em cerca de 15 % das negociações coletivas alcançaram-se ganhos dentre 2,01 e 3 % acima da inflação, resultado próximo ao visto entre 2009 e 2011. Nas faixas dos maiores ganhos, aqueles acima de 3 % , em 2013, os resultados foram inferiores aos três anos anteriores, com apenas 5,2 % dos aumentos reais concentrados nessa faixa (Tabela a seguir)
Uma análise setorial das negociações salariais acompanhadas em 2013 mostra que o Comércio foi o setor com maior percentual de reajustes salariais com aumentos reais (98 % das 111 unidades analisadas), seguido pela Indústria, cujo percentual de aumentos reais foi de 89 % das 343 negociações coletivas estudadas e, por fim, o setor de Serviços, no qual 78 % das 217 categoriais conquistaram ganhos reais. Essa estrutura de maior freqüência de aumentos reais no Comércio e menor nos Serviços é observada em todos os anos da série histórica.
Exceto nas negociações coletivas de abrangência nacional ou inter-regional, cuja incidência de aumentos reais foi de 69 % , nas negociações restritas a uma única região geográfica observaram-se ganhos reais numa proporção sempre superior a 80 % dos processos negociais acompanhados, com destaque para a região Sul, na qual esse percentual chegou a 94 % . No Sudeste, 86 % das categoriais registraram ganhos reais, em 8,5 % igualou-se à inflação e em 5,6 % não se logrou repor o poder de compra. No estado do Rio de Janeiro, em 2013, em cerca de 78 % das negociações houve a conquista de ganhos reais, em 14,3 % alcançou-se reposição da variação média dos preços e em aproximadamente 8 % houve perdas frente ao INPC-IBGE.
Por fim, vale ressaltar que este estudo busca apontar a tendência das negociações salariais estudadas. A partir do painel de 671 unidades de negociação analisadas em 2013, nota-se que apesar do recuo frente a 2012, o ano passado reforçou o desempenho positivo dos últimos 10 anos, nos quais, no mínimo, metade das categorias obtiveram ganhos salariais. Esses ganhos salariais conquistados pelos trabalhadores, somados a um contexto de crescimento econômico (ainda que baixo), manutenção e ampliação dos empregos formais e inflação sob controle amplia e protege o poder de compra da classe trabalhadora. Contudo, cabe destacar que se tomarmos o crescimento do PIB nacional (2,3 % ), em 2013, como indicador da riqueza oriunda do trabalho e o compararmos aos ganhos salariais médios observados a partir do painel do SAS-DIEESE (1,25 % ), no mesmo período, percebe-se que há espaço para ampliação dessas conquistas, sobretudo, devido aos baixos salários caracterizarem a estrutura do mercado de trabalho no Brasil e a distribuição funcional da renda ainda ser muito desigual.
Fonte: Dieese