Sindicatos da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), e de todo o país, realizaram nesta terça-feira (29/10), um Dia Nacional de Luta para denunciar as condições precárias que enfrentam diariamente: um cenário marcado por demissões, metas abusivas e o adoecimento de trabalhadores. A mobilização busca trazer visibilidade para as dificuldades enfrentadas pelos funcionários, que contrastam com a imagem de sucesso e prosperidade promovida pelo banco, que recentemente completou 100 anos.
A ideia da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú é mostrar que o banco, um dos maiores da América Latina, celebra seu centenário com o slogan “feito de futuro,” mas a realidade dos bancários é de pressão intensa e pouco reconhecimento. Mesmo com o lucro crescente, os funcionários relatam uma rotina de exaustão e estresse, alimentada por metas abusivas e uma cultura de assédio moral. Depressão, ansiedade e esgotamento psicológico tornaram-se frequentes entre os que tentam manter o ritmo imposto pela gestão, que adota medidas punitivas e demissões por justa causa de forma recorrente e, muitas vezes, desmotivada.
Valeska Pincovai, coordenadora da COE do Itaú, destaca o lançamento de uma campanha de mídia como parte da mobilização: “Hoje estamos lançando uma campanha de mídia para sensibilizar a população e todos os funcionários do banco sobre a realidade do bancário do Itaú. Queremos com isso chamar os bancários para juntos construir a nossa mobilização para reivindicar melhores condições de trabalho. Queremos negociar com o banco seriamente o fim das metas abusivas e do assédio moral, o fim da terceirização, respeito aos trabalhadores adoecidos e outras pautas que já foram repassadas a eles. Com esta campanha, esperamos que o bancário do Itaú seja valorizado!”
A realidade das demissões e adoecimento
Nos últimos doze meses, o Itaú fechou 1.785 postos de trabalho e 175 agências, intensificando a carga de trabalho para aqueles que permanecem no banco. A prática de terceirização já afeta 3.500 trabalhadores no estado de São Paulo, agravando a precarização das condições de trabalho e o adoecimento dos bancários. Demissões por justa causa se tornaram frequentes, baseadas em motivos que muitas vezes desconsideram o contexto dos trabalhadores, como nos casos de advertências aplicadas a funcionários com a prova de Certificação Profissional Anbima (CPA) marcada.
Além das demissões, a sobrecarga e o ambiente tóxico fazem com que o assédio moral e o adoecimento sejam problemas comuns entre os bancários. Casos de doenças psíquicas relacionadas ao trabalho no Itaú já representam 90% dos atendimentos dos sindicatos. Em vez de apoio, muitos trabalhadores recebem telegramas de abandono de emprego quando adoecem, uma atitude que reflete o desrespeito do banco em relação à saúde dos seus funcionários.
A COE do Itaú e os sindicatos orientam os bancários a buscarem orientação antes de aceitar qualquer indenização em troca de sua estabilidade no emprego. Como alerta Maria Izabel, outra coordenadora da COE Itaú: “Sua saúde é muito importante. Não renuncie aos seus direitos em troca de uma indenização, especialmente porque foi o banco que causou seu adoecimento. Procure o sindicato para entender seus direitos e se proteger. Não aceite dinheiro em troca da sua saúde! Afinal, ela vale mais do que qualquer proposta desonesta que o banco possa oferecer.”
Por um ambiente de trabalho digno e saudável
A campanha lançada hoje busca unir os bancários e sensibilizar a sociedade para o desrespeito com o qual o banco tem tratado seus funcionários. A luta segue por condições de trabalho mais dignas, pelo fim das práticas abusivas e pela valorização dos profissionais que, diariamente, fazem o banco prosperar.
*com informações da Contraf-CUT