O agricultor terá mais crédito a juros menores para esta safra 2005/2006. Essa é a promessa da direção do Banco do Brasil que pretende aplicar no setor agrícola mais de R$ 27 bilhões até julho, R$ 1,5 bilhão a mais que na safra passada. A maior parte desses recursos, cerca de 70%, devem chegar ao produtor rural com taxas de juros controladas, ou seja, 8,75% para o agricultor empresarial e de 4% para o produtor familiar.
Otimista, o vice-presidente da carteira de Agronegócios do Banco do Brasil, Ricardo Alves da Conceição, acredita que esse será um ano de recuperação para o setor. Mas, apesar da confiança, a direção do banco também contabiliza os prejuízos provocados pela estiagem, apreciação do real e pela queda nos preços da soja, algodão, arroz, entre outros produtos em 2005.
A crise no setor, praticamente fez dobrar a quantidade de pagamentos atrasados no banco, o que na prática pode reduzir a oferta de recursos a juros controlados esse ano, contrariando todo o otimismo demonstrado pela direção da instituição. Até 2005, a média histórica de pagamentos em atraso no banco variava entre 1,5% e 2,5%. No ano passado, devido a crise, esse percentual chegou a 5%. Na prática, R$ 900 milhões deixaram de ser pagos na data correta. Mais da metade desses créditos em aberto é de produtores do Centro-Oeste, que sofreram, principalmente, com a redução nos preços internacionais da soja e com a valorização do real que encareceu os insumos. “Esses não são créditos perdidos, vamos receber”, diz ele.
Além dos pagamentos que não foram feitos, existe também o risco, caso o cenário positivo traçado pela direção do banco não se concretiza e as parcelas do custeio prorrogadas para março, abril e maio desse ano também não possam ser quitadas. “A inadimplência não nos preocupa. Existem sinais de recuperação nos preços, o que garante mais renda ao produtor”, diz. Além do aumento da inadimplência, os repasses do banco para investimento também foram afetados. Na safra 2004/2005, o BB liberou cerca de R$ 3,9 bilhões, enquanto nessa safra o repasse para investimentos alcançou R$ 4,1 bilhões. O pouco crescimento é resultado direto da falta de estímulos para a produção. Com relação as taxas de juros, Ricardo Alves diz que se forem mantidos todos os prognósticos a tendência é de redução da taxa básica.
(Fonte: Diário Comércio Indústria & Serviços)
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