Banco público para quê?

O que vemos hoje é a destruição de todas essas políticas públicas. E o desmonte dos bancos públicos faz parte dessa estratégia

 

Adriana Nalesso*

 

Privatização: palavra que está na ordem do dia. Entre o ódio e a revolta, frases como “privatiza tudo”, “vamos acabar com os cabides de emprego” e “Estado só deve cuidar de saúde e educação” correm soltas nos posts e na boca do povo. Repetir sem refletir é tão fácil quanto perigoso.

Em meio a tanto radicalismo, levantamos, com convicção, a bandeira do diálogo e defesa dos bancos públicos. E antes que você, leitor ou leitora, tenha seu pensamento tomado pelas frases acima, convidamos à leitura de informações concretas sobre o papel dessas instituições.

Há razões políticas, econômicas e sociais para que bancos públicos existam na maioria dos países. No Brasil, basta pensar no crédito imobiliário, no crédito rural e no financiamento para infraestrutura e para as indústrias. Trocando em miúdos: a compra da casa própria, de equipamentos e sementes por agricultores, o investimento em tecnologia, a construção de estradas e pontes. Tudo isso passa pelos bancos públicos. A Caixa, o Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social são responsáveis por 80% do financiamento do crédito de longo prazo no Brasil.

São essas instituições também que viabilizam os projetos sociais que têm papel fundamental na redução da desigualdade no país. De 2011 a 2016, as loterias da Caixa arrecadaram R$ 60 bilhões. Desse total, R$ 27 bilhões foram destinados para áreas sociais. Programa de Financiamento Estudantil, o Fundo Penitenciário Nacional e programas de incentivo ao esporte e à cultura estão entre os beneficiados. Estes recursos não podem e não devem estar na mão de bancos privados que visam ao lucro, não o bem-estar social.

O que vemos hoje é a destruição de todas essas políticas públicas. E o desmonte dos bancos públicos faz parte dessa estratégia. Um exemplo concreto é o do Banco do Brasil, que em menos de um ano fechou 570 agências no país e no exterior.

Defender os bancos públicos é defender empregos de bancárias e bancárias de todo o país que prestaram concurso e construíram suas carreiras nestas instituições. Mas é, principalmente, manter a luta por um país melhor e para todos e todas, não apenas para os grandes banqueiros que aguardam ávidos a oportunidade de colocar a mão nesse patrimônio que pertence ao povo brasileiro.

 

* Adriana Nalesso é bancária do Bradesco, economista e presidenta do Sindicato dos Bancários do Município do Rio de Janeiro