Proposta dos bancos é fruto da greve e tem avanços econômicos e sociais
No quarto dia da greve nacional, nesta sexta-feira (3), que paralisou 10.355 agências e centros administrativos nos 26 estados e no Distrito Federal, a Fenaban retomou as negociações com o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, e apresentou uma nova proposta para a categoria.
Foi a nona rodada de negociação da Campanha 2014. A Fenaban aumentou o índice de reajuste de 7,35 % para 8,5 % (aumento real de 2,02 % ) nos salários e demais verbas salariais, de 8 % para 9 % (2,49 % acima da inflação) nos pisos e 12,2 % no vale-refeição. O aumento diferenciado para o tíquete considerou a alta da inflação no item “alimentação fora de casa”, que chegou a 10,2 % . O índice proposto ainda inclui 2,2 % de aumento real sobre os valores atuais.
Combate às metas abusivas
Os bancos incluirão também na Convenção Coletiva o compromisso de que “o monitoramento de resultados ocorra com equilíbrio, respeito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho”. Trata-se de mais um passo no combate às metas abusivas, que tem provocado adoecimento e afastamento de bancários.
Além disso, a cobrança de metas passará a ser proibida não somente por SMS, mas também por qualquer outro tipo de aparelho ou plataforma digital.
Dias parados
A Fenaban propõe a compensação dos dias parados durante a greve, na forma de uma hora por dia no período de 15 de outubro a 31 de outubro, para quem trabalha seis horas, e uma hora por dia no período entre 15 de outubro e 7 de novembro, para quem trabalha oito horas.
Outros avanços nas negociações com a Fenaban
A proposta inclui ainda os avanços apresentados pelos bancos ao longo das negociações sobre saúde e condições de trabalho, tais como:
Certificação CPA 10 e CPA 20 – Quando exigido pelos bancos, os trabalhadores terão reembolso do custo da prova em caso de aprovação.
Adiantamento de 13º salário para os afastados – Quando o bancário estiver recebendo complementação salarial, terá também direito ao adiantamento do 13º salário, a exemplo dos demais empregados.
Reabilitação profissional – Cada banco fará a discussão sobre o programa de retorno ao trabalho com o movimento sindical.
Gestantes – As bancárias demitidas que comprovarem estar grávidas no período do aviso prévio serão readmitidas automaticamente.
Casais homoafetivos – Os bancos irão divulgar a cláusula de extensão dos direitos aos casais homoafetivos, informando que a opção deve ser feita diretamente com a área de RH de cada banco, e não mais com o gestor imediato, para evitar constrangimentos e discriminações.
Novas tecnologias – Realização de seminários periódicos para discutir sobre tendências de novas tecnologias.
Campanha sobre assédio sexual – Os bancos assumiram o compromisso de realizar uma campanha junto com os bancários para combater o assédio sexual no trabalho.
Conquista no HSBC
O HSBC apresentou a proposta de pagamento de R$ 3 mil, sob forma de participação nos resultados (PR), através de uma antecipação de R$ 2 mil em outubro e R$ 1 mil em fevereiro de 2015. A proposta é resultado da pressão da greve e das negociações com o banco inglês, uma vez que a instituição teve prejuízo no balanço do primeiro semestre. Conforme o modelo de distribuição de lucros, o pagamento aos trabalhadores ficaria prejudicado.
Avaliação da nova proposta da Fenaban
Na sequência da rodada com a Fenaban, houve também negociações específicas com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que trouxeram igualmente novas propostas.
O Comando Nacional, reunido logo após a negociação, avaliou de forma positiva as novas propostas apresentadas e decidiu por ampla maioria orientar a sua aprovação nas assembleias dos bancários a serem realizadas pelos sindicatos na próxima segunda-feira (6) em todo o país.
“O aumento da proposta dos bancos é resultado da forte greve dos bancários em todo o país, que cresceu nesses primeiros quatro dias e superou o número de agências paralisadas no ano passado”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. “Consideramos a proposta positiva, conquistada com muita mobilização. No Banco do Brasil e na Caixa Federal, os 9 % de reajuste no piso vão impactar nas curvas dos planos de cargos e salários. Por isso, o Comando está indicando a aceitação das propostas nas assembleias.”
O presidente da Fetraf-RJ/ES e representante da entidade no Comando Nacional, Nilton Damião Esperança, comemorou o resultado da Campanha Nacional dos Bancários de 2014: “Tivemos uma campanha vitoriosa, resultado de uma mobilização que já começou forte, demonstrando que os bancários estavam com muita disposição. Considero que a proposta apresentada contempla a categoria num todo, embora entenda que poderíamos ter avançado mais nos bancos públicos. Temos que continuar nossa luta e manter a unidade para obtermos novas conquistas”, avaliou.
Nilton destaca, ainda, que a maneira democrática como os dirigentes bancários se organizaram para enfrentar as negociações. “O Comando Nacional foi conduzido democraticamente, respeitando e dando espaço a todas as forças políticas que o integram”, ressaltou Nilton Damião.
A nova proposta econômica dos bancos
Reajuste – 8,5 % (2,02 % de aumento real)
Piso portaria após 90 dias – 1.252,38 (9,00 % ou 2,49 % de aumento real)
Piso escritório após 90 dias – R$ 1.796,45 (2,49 % acima da inflação)
Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.426,76 (salário mais gratificação mais outras verbas de caixa), significando reajuste de 8,37 % e 2,37 % de aumento real)
PLR regra básica – 90 % do salário mais R$ 1.837,99, limitado a R$ 9.859,93. Se o total ficar abaixo de 5 % do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 21.691,82
PLR parcela adicional – 2,2 % do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.675,98
Veja aqui o que melhorou na PLR
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Antecipação da PLR
Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva e a segunda até 2 de março de 2015.
Regra básica – 54 % do salário mais fixo de R$ 1.102,79, limitado a R$ 5.915,95 e ao teto de 12,8 % do lucro líquido – o que ocorrer primeiro.
Parcela adicional – 2,2 % do lucro líquido do primeiro semestre de 2014, limitado a R$ 1.837,99.
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Auxílio-refeição – R$ 26,00 (R$ 572,00 ao mês), reajuste de 12,2 %
Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 431,16. (Somados, os auxílios refeição e cesta-alimentação resultam em R$ 1.003,13 por mês, o que representa reajuste de 10,76 % )
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 358,82
Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 306,96
Gratificação de compensador de cheques – R$ 139,44
Requalificação profissional – R$ 1.227,00
Auxílio-funeral – R$ 823,30
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 122.770,20
Ajuda deslocamento noturno – R$ 85,94
Veja aqui a comparação entre os valores atuais a nova proposta dos bancos.
Fonte: Contraf-CUT