Bancos querem controlar encaminhamentos de benefícios previdenciários


Durante reunião da mesa temática de saúde do trabalhador entre a Contraf e a Fenaban, os banqueiros apresentaram a proposta do chamado projeto Prisma, que permite centralizar o encaminhamento de pedidos ao INSS. Cada empresa teria uma espécie de posto avançado da Previdência para “facilitar” o encaminhamento de pedidos de benefício. Mas esta agilidade teria um preço muito alto para os bancários.


O temor do representante da Federação na mesa, Edilson Cerqueira, é que os bancos passem não só a controlar o processo, mas a influenciar as concessões de benefício. “Isso já existiu antes e causou danos, porque os trabalhadores tinham muita dificuldade de obter o reconhecimento de acidente de trabalho. Além disso, houve muitos casos de médicos peritos que também trabalhavam para os bancos. Era a raposa tomando conta do galinheiro. Foi a ação de sindicatos de vários estados que derrubou esta parceria entre os bancos e o INSS”, lembra o sindicalista. Segundo Edilson, a Fenaban já fechou acordo com o INSS para esta parceria e busca somente a concordância do movimento sindical para colocar o projeto Prisma em prática. A justificativa dos banqueiros para implantar o projeto é que ele permitiria evitar atrasos nos pagamentos.


Outro risco desta centralização diz respeito ao acesso às informações. “o perito verifica a situação e o trabalhador e o sindicato não têm acesso aos laudos. Essa situação também dificulta a caracterização do nexo epidemiológico. Desde que foi instituído o nexo, a concessão de benefícios acidentários aumentou. Sem esta caracterização, pode haver retrocesso e podemos ter até mesmo um aumento dos indeferimentos”, ressalta Edilson.


Outros pontos


O projeto Prisma foi um ponto de pauta apresentado pelos banqueiros. Os dirigentes sindicais reivindicaram que fossem discutidos cinco temas: PCMSO, SIPAT, atestados médicos, pausa de 10 minutos e metas abusivas.


Quanto aos dois últimos, os banqueiros nem quiseram entrar na discussão. As SIPATs, que os bancários reivindicam que sejam realizadas regularmente por todos os bancos, serão alvo de discussão mais específica. As mudanças no PCMSO também serão discutidas. “Os bancários reclamam muito de como são tratados pelos médicos e que os exames são superficiais, não servindo para verificar a real situação da saúde do trabalhador”, relata Edilson.


Outro ponto discutido foi a questão dos atestados médicos. “Hoje, na maioria dos bancos, o trabalhador doente é obrigado a se deslocar até a sede administrativa da empresa para entregar um simples documento. Se o gestor da agência é responsável por várias tarefas de RH, como validação de férias, qual a dificuldade de receber um atestado para abono de falta e encaminhá-lo ao setor responsável?”, questiona Edilson. Os banqueiros ouviram a reivindicação, mas não deram nenhuma resposta.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES